A "TVI" mostrou hoje quer às 13, quer às 20 horas nos seus jornais informativos uma reportagem daquilo que foram os meses terríveis do primeiro trimestre do ano em curso, nos Serviços de Urgência dos Hospitais Portugueses, nomeadamente, nos meses do surto de gripe.
As imagens obtidas por câmara oculta, são verdadeiramente arrepiantes no que concerne às condições infra humanas em que milhares e milhares de portugueses se viram confrontados, numa hora sempre difícil, ou seja, na hora de caír doente numa cama de hospital.
Falta de espaço físico, falta de médicos, falta de enfermeiros, falta de condições adequadas ao pico do surto gripal verificado, falta de máquinas de monitorização da vida, falta de comida, falta de papel higiénico, falta de camas, oh meu Deus, falta do mais elementar, do mais básico para se atender gente em sofrimento, alguns bem perto da morte, muitos outros horas e horas a fio, à espera de socorro que, infelizmente, não chegava porque não havia quem socorresse, em número suficiente, para valer a tanta dôr...
A saúde deste País contrata médicos e enfermeiros tarefeiros a empresas privadas, cujo único propósito é o lucro, é o encaixe de transferências da Tutela, enquanto pagam verbas a profissionais que deslocam a seu belo prazer para baixo e para cima, atribuindo algumas vezes, o mesmo profissional, e no mesmo horário, a dois destinos diferentes...
O que vimos em nada se parece com um País europeu. O que nos mostraram coloca-nos ao nível de um outro qualquer país terceiro mundista, talvez do norte de África a julgar pela proximidade. Querer fazer passar a mensagem, de que o Serviço Nacional de Saúde esteve à altura é, no mínimo, (tamanha foi a dissertação/justificação miserável do Secretário de Estado Leal da Costa), uma falácia, um mero truque de ilusionismo, é um embuste miserável e não merece o respeito de ninguém. Negar ponto por ponto, tudo aquilo que acabara de ficar aos olhos de toda a gente, é de um gritante desrespeito por todos aqueles que morreram miserávelmente sós quando, estando num corredor de hospital duma urgência qualquer, se morre por falta de assistência, por falta de elemento humano especializado que pudesse valer, devido à escassez de pessoal escalado para a tarefa de salvar a vida dos outros. Quem assim se pronuncia, quem assim se exprime, não perdeu um filho, ou a mulher, ou quiçá, a mãe, ou o pai. Não, não lhe aconteceu uma tragédia destas! Tudo se resume a ter que engolir o óbvio, a passar por lunático deprimido para manter a posição. Dá dó, tanta desfaçatez, tamanha insensibilidade. Não passa de um mero fantoche nas mãos do Partido que tudo lhe ordena, tudo lhe manda e a quem nada mais resta, senão a mais reles subserviência.