Quer-me parecer, para mal dos nossos pecados, que não há dia sem que haja uma desgraça violenta perpetrada por um qualquer desvairado, munido de arma branca ou de fogo.
Agora, foi há dois-três dias que, numa discoteca de Paredes, uma criança(?) de 17 anos, armado com pistola disparou sobre dois homens de 25 e 26 anos de idade, sendo que o mais velho destes já faleceu e o outro se encontra em estado grave numa unidade hospitalar.
Somos uma Sociedade permissiva, branda, "meiguinha" para com toda uma panóplia de gente que por aí anda e que ainda não 'solidificou' a massa encefálica, tal é a irresponsabilidade, a arrogância, o laxismo e a perfeita consciência da sua quase total impunidade, perante qualquer tipo de comportamento menos aceitável que se decidam ter.
Deram-lhes muitos videojogos, muitas consolas "xpto", ofereceram-lhes em bandeja o último grito do smartphone mais em voga. Ao menino não se grita! Ao menino não se dá uma chapada que isso é violência doméstica. Ao menino, o professor não levanta a voz, senão a Mãe do rapaz vai à Escola e parte a louça toda. Não! À menina e ao menino, quem sabe o que é melhor e o que fazer "sou eu! Ai de quem belisque o meu menino!..."
E o menino, cá como nos Estados Unidos, arranja uma faca, arranja um punhal, arranja um revólver ou uma arma de guerra e quando o chateiam, quando lhe dizem "não, isso tu não podes fazer por que não podes, por que não deves...", eis que o nosso jovem, o menino, ou, será melhor chamá-lo de criança?, eis que ele, diziamos, desata a apunhalar ou aos tiros, a torto e a direito, matando quem se lhe opuser. E, depois vem a Justiça, ouve os advogados de defesa que apoucam o sucedido e, se calhar, ainda acabam por preconizar uma qualquer tentativa de reinserção social, como se alguém que, tão imberbe ainda na vida, já demonstra ter tão maus fígados, possa algures voltar a pisar o caminho do bem, do trabalho, da conquista pelo mérito e pelo esforço do tão almejado respeito por parte de todos os outros.
Estamos a criar alguns monstros que vieram das nossas entranhas. É bom que tenhamos consciência disso e comecemos a arrepiar caminho enquanto é tempo. A Educação tem um grave problema para resolver na geração que está a chegar à vida por estes dias: é ministrá-la em casa, tem que vir dos Pais e dos Avós. É aqui que tudo começa; ou não!...