21 novembro, 2018

Crateras da nossa miséria

E a desgraça voltou a bater à nossa porta, como se não estivéssemos já, mais que martirizados com os acontecimentos que nos têm fustigado nos últimos tempos. Depois dos incêndios do ano passado, do deste ano já, em Monchique, e do "Leslie" que tudo varreu, eis que nos vemos confrontados com as pedreiras do mármore rosa de Borba.

Já se escutaram as vozes de alguns dos directamente ligados à questão e a sensação que paira no ar é a de que, afinal, por mais estudos, por mais pareceres técnicos que datam já de 2014 e que apontavam falhas graves e iminentes, assim mesmo, não houve ninguém que fosse capaz de encerrar aquela língua de estrada.

Maldita ganância humana, malvados todos aqueles que podendo e tendo o dever de fazer alguma coisa, nada fizeram! A estrada desapareceu encosta abaixo, morreram portugueses, há uns tantos ainda desaparecidos e, ao que parece, era habitual passar por ali uma camioneta escolar com cerca de quarenta crianças...

Somos bons a acorrer, a mobilizar para os teatros de operação, de emergência, de catástrofe. Pena é que sejamos tão maus a prevenir, a prever, a antecipar para lamentavelmente, não nos restar senão remediar...