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12 julho, 2023

Artistas de rua, obrigado!

A Rua de Sta. Catarina, no Porto, é o coração comercial por excelência da cidade Invicta. Ali estão instaladas as grandes marcas mundiais, desde o vestuário, ao calçado, passando pela alta joalharia, a indústria da hotelaria, da alta cozinha e da confeitaria de alto nível. 

Por aquela artéria citadina, todo o dia cirandam para baixo e para cima milhares de pessoas das mais diferentes culturas, credos e raças, num constante burburinho de várias idiomas que nos chegam aos tímpanos como exemplo de outros mundos, de outras terras distantes, de outras gentes bem distintas daquele naipe que somos.

Por entre toda esta saudável algazarra, damos de caras com "aquilo" a que denominamos de "artistas de rua". Verdadeiros talentos, gente corajosa que oferece o melhor de si sem que nada lhes tenha sido pedido. Esbanjam talento e arte em surdina, como que algo envergonhados por não receberem da grande maioria dos passantes, mais do que um olhar de viés e, de alguns (poucos) não mais que um sorriso complacente. Almejam que os vejamos, que lhes dediquemos algum do nosso tempo de passeio, que os escutemos com respeito pelo esforço, pela coragem, pela luta constante para se manterem à tona da vida, deixando-lhes uma moeda. Só uma moeda para levar mais um dia para a frente.

Músicos, cantores, malabaristas, estátuas vivas, pintores, aguarelistas, retratistas, cartoonistas, eu sei lá, uma miríade de grandes artistas que merece o nosso reconhecimento pela arte, pela luz, pela côr, pelo movimento, pelos sons com que nos brindam...

Um dia da semana passada, voltei à minha Sta. Catarina e, eis que "reencontro" uma artista de canto lírico, proveniente de outras paragens (Austriaca, Alemã?) que já por ali tinha visto no ano passado. Nenhuma ajuda técnica, nenhum microfone, nada quanto a um pequeno amplificador. Nada quanto a uma coluna de som que a proteja. Tudo, mas mesmo tudo, é feito por entre o bruá das conversas, das risadas, do ruído dos motores de todo o tipo de veículos que por ali passam, e que é significativo, tendo em vista que este talento canta quase no vértice entre as ruas de Passos Manuel com Sta. Catarina, bem junto à esplanada do famoso e centenário "Café Majestic". Pois este ser, dona de uma arte e de um talento divinais, canta árias de peças operáticas tendo como único auxílio um pequeno leitor de música portátil que se não ouve por entre o ruído ambiente que tudo cerca. O que se ouve de forma poderosa, são as notas que aquela garganta feminina consegue trautear, fazendo um esforço verdadeiramente sobre-humano que merecia uma qualquer ajuda antes que se rasgue, antes que se auto-destrua um dia destes...

O meu apreço, a minha admiração, o meu respeito, e também, o meu desalento por uma tão sofrida forma de vida.


26 abril, 2021

"E o burro sou eu?..."

Por cá, vive-se como tem sido permitido, tendo em conta que nos encontramos em estado de emergência, ou seja, todos os cidadãos têm a especial obrigação de ficar em casa.

Quem tem que trabalhar, quem precisa de cuidados médicos, quem presta auxílio a outros mais necessitados, quem precisa, em suma, de se ausentar de casa tendo uma justificação plausível e inadiável, pois que saia, que vá à sua vida, não esquecendo, jamais, todos os cuidados sanitários que a situação nos impõe.

Ricardo Pereira, Rita Pereira, Cristina Ferreira e outros tantos ...eira´s cá da nossa praça, a despeito de estarmos em estado de emergência e, devermos, portanto, estar em casa, foram para o Dubai, foram para as Seichelles, foram para ilhas paradisíacas e auto-fotografaram-se em trajes de veraneio postando de seguida, as suas fronhas nas redes sociais para mostrarem ao mundo o quão felizes estavam da vida, insultando entre aspas, todos os que estão no desemprego, todos os que estão em regime de "lay-off", todos os que estão à mingua de pão na mesa...

Os Portugueses, na sua maioria em confinamento até há bem pouco tempo atrás, perguntam-se se estes acéfalos, afinal, são mais verdadeiros que todos os outros, são mais gente que nós, já que nada se soube quanto a coimas pesadas imputadas aquando dos respectivos regressos à Lusa Pátria. Eles podem tudo! Eles viajaram, eles furaram o confinamento, eles marimbaram-se para tudo o que são regras da DGS, eles torpedearam a Lei... E, ninguém, que se saiba, chamou estes "vazios" à capa. Realmente, o mundo, a vida e as pessoas, está tudo reduzido a uma dicotomia que nos varre de lés a lés: os que tudo podem, e os que, pura e simplesmente, não podem!

14 abril, 2009

Ministras e Artistas!

Como ambas afinam pelo mesmo diapasão!
Como ambas decoraram a mesma estrofe!
Como as duas dizem as mesmas coisas!
Como ambas, afinal, nada mais pretendem que aguentar as mordomias, o carro de Estado, o "chauffeur", a segurança pessoal, as ajudas de custo e as mais valias que o estatuto actual lhes confere.

Vem isto a propósito de ambas terem minorado, terem "dado para trás" em notícias que dão conta de crianças que chegam a hospitais e às escolas mal nutridas, até mesmo, com fome devido à crise que assola muitos sectores da nossa sociedade.

Quer uma quer outra, alegaram que são casos meramente pontuais e que nem sequer chegam ao conhecimento directo do Ministério (da educação).

Que enganadas estais "Senhoras" da educação e da saúde!!!

Nos hospitais, médicos e enfermeiros constatam fome, mau asseio, contrastando com roupa de marca (sim, dessa mesmo!, da Salsa, da Bershka, da Zara - os progenitores destas crianças precisavam de uns bons tabefes, ou então, que lhes cortassem os rendimentos mínimos de inserção).

Nas escolas, os professores e auxiliares de educação, encontram o mesmo cenário e algumas vezes, esgotado o stock da cantina e gasto todo o apoio do "SASE", unem-se, dão as mãos e um pouco de si próprios adquirindo bens alimentares de primeiríssima necessidade para valer, às vezes, àquele menino ou menina e aos que sobram lá por casa, porque estão no terreno, conhecem casos de miséria profunda.

Que não vejam, que não constatem, que não se confrontem, admito perfeitamente!, do interior do conforto dos seus gabinetes, jamais verão alguma coisa, para além do que querem ver. Mas, por favor: abstenham-se de fazer afirmações imbecis!