02 setembro, 2009

Mar, ó Mar!...





Ó Mar, belo monstro azul
 que enrola na areia e descansa,
cuja onda desfaz e se amansa;
tuas vestes feitas de tule,
ondulam na brisa da bonança
 e assemelham sorrisos de criança.


Ó Mar, tu que me fascinas!
de ti guardo tantas memórias,
a ti canto, Hossanas e Glórias.
És mulher de longas 'crinas',
alazão veloz como uma seta.
E Adamastor, na pena do Poeta.


Como a mais bela das Mulheres,
também tu, tens marés,
ora baixa, ou preia-mar.
Serão sempre como quiseres,
estarão sempre a teus pés
desmaiadas, a alquebrar.


Mas, as nuvens lá do alto, no céu,
de repente fecharam, escureceram,
ameaçando o Mar de engrossar;
romperam, deixando ao léu,
uma nesga do manto em que teceram,
arabescos dourados a bailar.


Mar, ó Mar, feito de gotas de chuva,
que sopras no vento partículas de ti,
queda-te na fúria e aconchega-te aqui.


Tua beleza, feita de fúria calma,
é tão sublime como tua acalmia furiosa,
que bate na rocha, gemendo queixosa.


E, lá no alto, na crista de uma de tuas vagas,
dançam duendes com trajes de espuma,
beijam na praia..., as ondas, uma a uma.


E há o Sol, dengoso, que refulge em ti...
que de ti arranca mil reflexos, tanta cor,
deitando-se, à tardinha, à borda do Sol pôr.


Mas, tu és de tantos amores...
tua paixão pelo Sol, não deixa que olvides a Lua,
e também ela, - brilhante, bonita e bela -, quer ser tua!


Mar chão, mar encapelado, mar bravo, mar cão
qual camaleão capaz de ornar as diferenças do mar,
só p'la sua contemplação, sou capaz de me apaixonar...


Carlos Menezes