17 agosto, 2010

Férias, Fogos, Falcatruas

O título mais parece aquela Fábula que todos conhecemos dos três 'efes'. Mas, em boa verdade, nada dele tem a ver com fábulas, contos de histórias infantis, ou com brincadeiras para criancinhas inocentes.

O Parlamento está de férias e, portanto, os Senhores estão fora; os pirómanos estão activos, estão doidos, absoltamente malucos e, portanto, os fogos estão dentro, estão por toda a parte, com prejuízos incalculáveis, até mesmo de vidas humanas; as falcatruas estão simultâneamente, fora e dentro, isto é: os fogos interessam a muita gente influente e poderosa, os incêndios ajudam outras indústrias e outros comércios, como a da celulose, como a dos transportes, como a do aluger de aviões e helicópteros, como dá trabalho a pilotos de aeronaves, como a política da terra queimada ajuda ao negócio da construção e por aí fora, num rol sem fim.

É triste, desolador e dá uma raiva sem fim assistir impotente a este delapidar dos dinheiros públicos, a esta desgraça ambiental que nenhum poder pode ou quer parar. É desgraça atroz para aqueles que por um punhado de vil metal para o bolso de alguns, perderam os filhos, os chefes de família, sustentáculo do equilibrio familiar. E agora, meus senhores, vós que mandais neste País e que, neste momento, estais a banhos no "bem-bom", que solução para a perda de vidas, para a perda do sustento, para a perda do equilíbrio ambiental, que truque de magia ides fazer? Vá lá, contai às gentes!...

Desencontros



O que fiz da vida até hoje?
O que pedi aos Deuses me fosse dado.
Cêdo bamboleei a minha vontade.
Tarde enxuguei a angústia, ali ao lado,
Na madrugada da vida, fiquei ali, inerte...
Aspirando que o relógio acerte.
A cadência lenta do meu fado.

Quem mal não julga, mal não pensa.
Quem muito pensa, morre de tédio e torpor.
Quem corre por gosto, não cansa,
e quem cansa por muito correr, até pode morrer...
Mas, pensando tanto, até à exaustão,
Pode ser que feneça, suavemente, de amor...
e que de forma suave, ali tombe, e caia no chão.

Desencontrados encontros,
Em tardes soalheiras, pela manhã,
Esvoaçam quedos nos meus ombros.

Fruto proibido e gostoso, qual maçã,
colhida de árvore semeada em combros,
Assim..., me enrosco em mim, qual meada de lã.


Carlos Menezes.