Humanidade a chorar

O que nos aconteceu?

O que se passa na vida de todos e de cada um de nós?

O que é feito dos velhos hábitos que faziam parte do nosso quotidiano, da nossa normalidade?

O que resta do tempo recente, em que nem por sombras, imaginávamos o que estamos a viver?

O que é feito de mim, de ti, das nossas vidas?

O que..., o que..., meu Deus, o que é isto em que nos tornamos?

Já nada volta a ser com dantes. 

Mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos, mudam-se os esterótipos em que tínhamos assente os nossos pilares, as nossas bases... Muda-se o forma de viver. Muda-se a forma de conviver e de interagir com os outros, muda-se a comunicação, muda-se..., que mais se há-de mudar para regressarmos a uma qualquer proximidade com aquilo que denominávamos de "normalidade"?

Cada dia, tornou-se num novo dia, numa experiência nova, em novos ensinamentos quanto à forma e conteúdo, na conquista de novos conceitos, de novos espaços, de novas oportunidades, de novas chances para continuarmos esta saga, esta luta desenfreada que todos travamos na mira de conseguirmos que a malvada doença nos não "calhe em sorte".

Vamos aguentarmo-nos até quando? Vamos suportar, e com que margem de danos?, esta pandemia que nos flagela até à chegada de um qualquer antídoto, de uma vacina. Só nos resta esperar e enquanto o fazemos, providenciar tudo o que pudermos para nos protegermos, para proteger os que amamos e proteger, de igual forma, todos os outros que estão em nosso redor.

Gente que somos, o que temos para dar?

Espera-se que os Portugueses possam continuar a ter comportamentos contidos, posturas sociais inteligentes para o bem próprio e para o bem de todos, espera-se ...

Mas, por ouro lado, há em mim o receio de que tais desejos não passem disso mesmo: só desejos!

Ainda hoje foi notícia que houve escaramuças entre cidadãos e a polícia numa zona nobre lisboeta. 

A polícia foi chamada a intervir para dispersar uma festa que se celebrava na rua(?), à beira Tejo. Do confronto restaram três agentes feridos, o que é um alerta para o que aí vem.

A "malta" confinada desde há dois meses e com o bom tempo a fazer as delícias de todos nós, eis que alguns de nós - os mais ousados, os mais afoitos, ou será que são só os mais estúpidos, os mais ignorantes?... - vai daí, deu numa de toca a saír, toca a ir para a praia, toca a andar aos magotes e sem máscara, que isto do coronavírus não passa de uma cabala montada por uma meia dúzia de enfezados.

Vem aí a praia, o mar, o areal, a brisa. E, dizem que virão também semáforos e corredores de entrada/saída, virá sinalética própria e parques para viaturas que serão exíguos, e virá praia para uns de manhã e para outros, à tarde. E virão agentes da autoridade para regular, sensibilizar, convidar ao respeito entre todos, que acabarão embrulhados em cenas pouco edificantes aos berros com alguns energúmenos que aparecerão do nada, qual erva daninha que a gente corta, corta e nunca acaba... A gente que somos tem gente, que não sabendo ser gente, jamais saberá portar-se... como gente.