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03 fevereiro, 2015

Donetsk e a gente que morre

Há dias, vi em televisão imagens devastadoras, duma maldade atroz, duma falta de humanidade e sensibilidade que me acho incapaz de aqui fazer a sua cabal descrição...
É mais uma vez fruto daquela guerra fratricida entre guerrilheiros pró-Russos e Ucranianos.

Um tanque de guerra, carregado de gente, a romper por uma paisagem inóspita. De súbito, a máquina de guerra pára numa estrada de terra, cujo piso devido à intempérie está semi-lamacento.
Vindo não se sabe bem donde, provavelmente era um dos passageiros, surge a uivar como um lobo esfaimado, o alegado chefe daquele grupo de guerrilheiros. 
Agarra nos homens deitados e sentados, feridos alguns deles (soldados Ucranianos capturados em cenários de batalha), e atira-os selváticamente para a lama. Senta os prisioneiros no chão, pede uma faca e com ela corta as insígnias do fardamento. De seguida e ululando como um selvagem, enfia pela boca abaixo de dois deles o pedaço de tecido,  ordenando que o comam.

Os prisioneiros são de seguida conduzidos para camiões que os transportarão sabe Deus para onde. Homens que nos passos que dão rumo ao camião, e fruto dos ódios disseminados por entre a população, são agredidos a soco e a pontapé por todo o corpo. O local de toda esta barbárie é Donetsk.

É tamanha a humilhação e o sofrimento físico e psicológico, é tudo tão agreste e brutal que, creio sinceramente, que para muitos deles se os pouparem à morte, o resto dos seus dias serão uma cruz terrível cravada na memória que lhes não dará descanso.

E o mundo continua a assistir impávido e assobiando para o lado, como se nada estivesse a acontecer...