Do que "eles" são capazes...

Estou de fronte ao televisor. Aqui e ali, vou acompanhando nacos da campanha eleitoral. Hoje a "bomba" da discórdia, ou da controvérsia é, a eventual vontade de, Passos Coelho voltar a submeter a referendo popular a Lei do Aborto. Passos diz que nim; Sócrates ataca como se fosse "o Tareco e o Bobby" a morder os calcanhares de todos os anti-portistas.

Mas, o que mais me fere a atenção é do que eles são capazes para "lá chegar": Portas passeia-se com ar bonacheirão no meio da populaça, tendo enterrado na carola aquele malfadado bonézinho que lhe fica mal como o diabo; o "Giroin" foi ontem ver gentes das Terras de Viriato - quase ficou a falar só para os da comitiva; Passos Coelho, sobe um escadote para mostrar às gentes do campo como se colhem cerejas. Impostores! Quando lá chegarem, andam de carro blindado, motorista que guia, abre e fecha a porta, 'tironis' da polícia a abrir alas, e já não falam na rua com o "reles do cidadão". Como eles mudam, minha gente!...

Justiça e Ética, procuram-se!

Hoje, ouvi falar de fome. 

Hoje, vi alguém remexer num contentor de lixo, porque tinha fome. 

Hoje, o Banco Alimentar contra a Fome iniciou mais uma campanha de recolha de alimentos para saciar bocas famintas, "cheias de fome". 

Hoje, ontem e por quanto tempo mais, continuaremos a assistir a este espectáculo horrendo de ver pessoas com fome?

A Governação deste país com os PEC's I, II, III e IV mais não fez, que um ataque cerrado à classe média. Esta, quando consumia, gerava riqueza pois dava emprego a milhões que produziam, que tinham empregos, que faziam descontos para a Segurança Social e pagavam impostos. Ao abater aquela classe - e, não adianta discutir o sexo dos anjos, a sociedade está organizada em classes -, enfraqueceu-se brutalmente toda a "máquina produtiva" e geradora de melhor qualidade de vida para todos.

Apetece-me perguntar pela justiça. Que é feito da justiça social? Não seria mais equitativo, mais ético, mais justo se a pouca, a escassa riqueza que conseguimos gerar, pudesse ser distribuída de forma mais igual, isto é, acabando com as miseráveis clivagens em que um pobre tem direito à reforma depois de trabalhar 50 anos, e um "rico, um importante, um afilhado", trabalha meia dúzia deles - como os políticos, os gestores, os administradores - e, consegue uma reforma 20, 50 ou 100 vezes maior que o tal desgraçado que trabalhou toda uma vida? Mas, o que é isto?!...