Mostrar mensagens com a etiqueta eu. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta eu. Mostrar todas as mensagens

26 julho, 2018

De cá para lá



DE CÁ PARA LÁ


Fui pela rua acima de cabeça baixa,
Encontrei gente que me não liga.
Cruzei-me com tantos a quem não ligo
e, vi-me desorientado, fora da caixa.


Vi gente bonita, outra feia, e com mau ar.
Ciciei desabafos agrestes, que não lamento.
P'ra cá e p'ra lá, só gente em movimento.
Quer seja na Baixa, no rio, ou à beira mar.


Por entre toda esta multidão,
Que serpenteia pelas ruas da cidade,
Ainda há quem peça um naco de pão,
Ainda há quem viva da caridade.


Páro-me no hoje, no agora, no já,
Olho p'ra todo o lado, de alto a baixo.
Prescruto por aqui, por ali, por lá,
 Afinal, quem sou, onde me encaixo?



Viro e reviro os olhos na distância,
Procuro um  "não sei quê" lá na frente.
olho o passado, desde a infância
e, conclúo: só me interessa o presente!


Mentira! versos e mais versos sem sentido,
Letra após letra, sem profundidade.
Na folha branca, a custo, rabisco: saúdade.
E guardo as memórias, do tempo já ido.



Carlos Menezes

18 fevereiro, 2011

Insónia

Sou assim deste jeito, quase sem jeito
Digo coisas sem nexo, vai tudo a eito.
E se alguém reclama minha falta de tacto,
Se ela aponta a ruga no meu fato.
Olho-a de soslaio, com cara crispada,
Miro-a do alto, fica ensimesmada,
E, que bem ela guarda a raiva no peito.

Quantas vezes equaciono a minha equação
Quantas me pula no peito o coração.
Fico sôfrego, 'aspirando o horizonte',
Embasbacado, ali, no meio da ponte.
Salto a corda que se enleia à minha volta,
Liberto a minha mente, deixo-a à solta,
Pulo, salto, fico ali, quieto, inerte no chão.

Para onde vou, quem me desamou?
O que faço aqui, quem me tramou.
Espero a 'paga', e não sei quem paga,
vou-me embora, já não quero nada.
Promessas, tretas, falácias sem fim,
Espremeram tudo o que havia em mim,
Até me levaram, a noção de quem sou.

Palmadinha nas costas, adeus e até breve,
Pé ante pé, escapuli-me ao de leve.
Fui-me embora, acho que nada perdi,
Pediu para ficar, mas fui-me dali,
Sabia-me mal a boca, um gosto estranho,
Todo eu, precisava de um banho,
À minha volta, nada mais..., que flocos de neve.

CARLOS MENEZES.