26 julho, 2018

De cá para lá



DE CÁ PARA LÁ


Fui pela rua acima de cabeça baixa,
Encontrei gente que me não liga.
Cruzei-me com tantos a quem não ligo
e, vi-me desorientado, fora da caixa.


Vi gente bonita, outra feia, e com mau ar.
Ciciei desabafos agrestes, que não lamento.
P'ra cá e p'ra lá, só gente em movimento.
Quer seja na Baixa, no rio, ou à beira mar.


Por entre toda esta multidão,
Que serpenteia pelas ruas da cidade,
Ainda há quem peça um naco de pão,
Ainda há quem viva da caridade.


Páro-me no hoje, no agora, no já,
Olho p'ra todo o lado, de alto a baixo.
Prescruto por aqui, por ali, por lá,
 Afinal, quem sou, onde me encaixo?



Viro e reviro os olhos na distância,
Procuro um  "não sei quê" lá na frente.
olho o passado, desde a infância
e, conclúo: só me interessa o presente!


Mentira! versos e mais versos sem sentido,
Letra após letra, sem profundidade.
Na folha branca, a custo, rabisco: saúdade.
E guardo as memórias, do tempo já ido.



Carlos Menezes

Pagamentos vergonhosos

Aqui há alguns dias a SIC noticiou, no seguimento da falência do BPN, que ainda subsistem 23 funcionários detentores de altos cargos que continuam a receber vencimentos chorudos - na casa dos 12.000€/mês -, acrescidos de carros topo de gama que circulam com auto-estradas e parqueamentos pagos e, ainda, 300€/mês de combustível. Estamos a falar, como é óbvio, de custos por cada um dos 23 elementos.

Isto e tantas outras situações tão ignominiosas quanto esta, deixam-nos à beira de um ataque de nervos, com vontade de gritar aos sete ventos toda a revolta que inunda as nossas cabeças e que vai esgotando a nossa paciência, muito para além dos limites do aceitável.

"Não há dinheiro!"

Foi com esta afirmação peremptória e linear que António Costa - o vendedor de sonhos desde há quase 3 anos atrás -,  se esquivou na Casa da Democracia perante todos os presentes, a cumprir o que então tinha prometido: "...connosco a austeridade acabou, vamos virar a página e devolver aos portugueses tudo o que lhes tem sido retirado..."

Prometeu e agora exigem-lhe! Qual é a admiração? Cumpra e porte-se dignamente!

No entretanto, tenha a lisura de arrumar melhor a casa da Nação que todos constituímos e, mande parar de imediato, aquela sordidez principesca em que alguns nababos continuam a receber verbas obscenas e a viver desta forma tão despudorada à custa de todos nós!