20 maio, 2023

Cavaco demolidor, mortífero!

Cavaco Silva, ex-Primeiro Ministro e ex-Presidente da República, esteve hoje, a convite,  nas Jornadas de encerramento do movimento de Autarcas do PSD. E esteve imparável no que concerne ao ataque serrado que fez ao Governo, e em particular ao Primeiro Ministro António Costa.

Não deixou pedra sobre pedra. Foi incisivo, acutilante, peremptório, arrasador. Falou do alto da sua cátedra, daquela que uma vida dedicada à política, lhe confere em momentos tão inscontantes e inconsequentes da vida pública e política de Portugal, como aqueles pelos quais temos vindo a passar.

Já aqui o afirmei e reafirmo peremptóriamente: sou um animal político como todo o Homem é, mas sou totalmente apartidário, não tenho quaisquer amarras a qualquer que seja a força política que ocupe as cadeiras do poder. E, é nesta qualidade, que me sinto à vontade para exprimir o que entendo estar bem ou menos bem em determinados momentos da nossa vida colectiva. Neste sentido, o discurso de 40 minutos hoje produzido foi altamente bem escrito. Fez  uma retrospectiva perfeita, enfatizando coisas do passado recente de que já nos tinhamos esquecido, tal tem sido o chorrilho de asneiras cometidas pelos mais variados Ministros e Secretários de Estado, no passado recente.

Cavaco deeixou recados ao País, à Oposição, ao Governo e a António Costa. Não deixou de tocar em Marcelo Rebelo de Sousa e, bem mais importante, não deixou em claro alguns reparos para dentro do próprio PSD, a quem aconselhou a jamais entrarem por esta trica miserável inter-partidária, em que os Partidos já não se respeitam, não utilizam linguagem caracterizada pela urbanidade e pelo civismo, jamais esquecendo que as relações institucionaos não podem, nem devem, ser feitas tendo como pano de fundo, uma gritaria que em nada beneficia nem honra quem a profere.

Galamba e Coldplay

Aparentemente, as duas realidades com que denominamos este post, nada têm a ver uma com a outra. João Galamba esteve mais de sete horas a ser interrogado na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, na Assembleia da República, local onde deu um show absolutamente deplorável, tantas foram as contradições, tantos foram os tiques de linguagem, tantas foram as gagueiras de que a famigerada personagem deu mostras. Tiques e, gaguejar frequentemente, tendo sempre um discurso entrecortado, como que rebuscando continuamene naquele cérebro, respostas ideais para o chorrilho de perguntas com que o mimosearam. Nada habitual em João Galamba, pelo menos naquele "do antes" em que o discurso aparecia sempre assertivo, loquaz e até, intempestivo em certas alturas... Não, agora foi hesitante, pleno de cortes discursivos, titubeante, errático, por vezes. Foram horas e horas de muito pouco, senão um quase nada...

Ora, à mesma hora em que Galamba padecia de toda esta gagueira vocal e intelectual, o País aparvalhou-se, vendo atónito e com olhos de muita incredulidade, o Primeiro Ministro António Costa a assistir de camarote ao concerto dos Coldplay, em Coimbra. Nada de mais bizarro, algo a roçar o escândalo em que a nossa classe política, continua a mergulhar de forma impávida e serena, com total desprezo pelos problemas económicos e sociais que abrangem a saúde, a educação a justiça, a inflação com repercussões no aumento das rendas, das prestações do crédito à habitação, do aumento dons bens alimentares com que os Portugueses se debatem todos os dias. Quer lá esta gente saber quanta fome, quanta miséria, quanta penúria, quantas lágrimas de desespero andam por aí?...