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17 fevereiro, 2024

Um pouco de mim...

Absorto



 Acordei esta manhã, meio tonto.

Levantei a custo e questionei-me:

Mas que raio se passa comigo?

Por que ando tão combalido?


Estou exausto, tão sem genica...

Limpo o rosto a uma toalhita.

Abanei a cabeça, sacudi as ideias,

Massagei os pés e calcei-os com meias


Pé ante pé fui até ao espelho, e não gostei do que vi.

Sou um maço de folhas, folhas que ainda não li.

Sou um magote de pensamentos dispersos,

Sou um naco de ideias soltas, em rimas e versos.


Onde estou, ó Deus!? não me reconheço,

Eu só quero ver-me por dentro, quando amanheço.

 E, para que lado me viro quando adormeço?

Belisco-me, estou vivo ainda! será que mereço?


Abanei-me aturdido, ainda surpreendido,

Salto do leito e num ápice, dei comigo vestido.

Tomei café, mastiguei um qualquer nada,

Saí de casa e embrulhei-me na calçada.


Olhei os outros no fundo dos olhos,

Como se quisesse entrar-lhes na alma

Vi aquela moça de vestido de folhos

Vi-os a todos, num misto de fúria calma.


De repente, fiquei ali parado, especado...

Mirando as madeixas daquele cabelo pintado.

Revirei meus olhos num arrepio sem fim,

E dei comigo a indagar, o que vai dentro de mim?

 

Passaste ladina em passo aligeirado,

Deixaste tua fragrância no ar, impregnado.

Quando abri as pálpebras que havia cerrado,

Perdi-te algures na aragem, já tinhas abalado.


Sem saber o que fazer, e como fazer, só sem saber,

Indaguei o horizonte, como se dali viesse uma resposta;

Mas nada! Nada de novo que me fizesse resplandecer,

Deixei de ver rostos, só olhos frios, sem nada à mostra.


Senti-me sózinho, rodeado de tanta gente,

Assustei-me com a multidão que me rodeava dormente.

Bradei aos Céus todo a minha ira, toda a minha fúria

Mas, fiquei-me ali, alquebrado, ruminando uma lamúria.


Eu quero ir! Quero ir embora, para longe daqui,

Já nem sei o que me agarra, o que me sustém aqui.

O que fiz eu Deus meu, para merecer esta sensação?

Para ter dentro de mim este clamor, este grito no coração?


Aconteça o que quer que seja que aconteça,

Estarei por perto, sentar-me-ei contigo à mesa.

O que farei a seguir, o que está escrito no porvir?

Logo verei se fico, se hesito, ou se, afinal, tenho de ir.


E que mais, que mais meu Deus hei-de eu fazer?

Por onde quer que vá, o caminho é sinuoso,

É íngreme, difícil, cansativo, e até tormentoso.


De que sou feito, qual a matéria do meu ser?

Sem resposta, deixo caír os braços ao longo do corpo,

E fico inerte, ausente, longínquo... e absorto.



Carlos Menezes

19 junho, 2022

Rock in Rio a transbordar...

Vi imagens do concerto da Ivete Sangalo esta tarde. E fiquei abismado!

Tanta, tanta, mas tanta, tanta gente junta, aos milhares, às dezenas de milhar tudo junto, tudo empolgado, todo o mundo aos saltos, todo o mundo aos gritos com os braços no ar, gritando de entusiasmo, mas gritando para cima uns dos outros, lançando no ombro dos da frente milhares de aerossois, milhares de gotículas de saliva...

Os políticos sabem o que está a acontecer ali a toda a hora. A DGS sabe o que por ali vai a toda a hora. Os Médicos, os Enfermeiros, o Pessoal Hospitalar deve estar a arregalar os olhos de espanto e de temor, na expectativa que aquilo que se vê terá consequências. Obviamente!...

A Economia está em movimento. Não pode parar. Custe o que custar. Doa a quem doer. Morra quem tiver que morrer!

09 junho, 2021

Política da asneira

Os números relativos a novos casos de Covid nas últimas 24 horas dispararam para cerca de 900 casos!

Não querendo parecer o arauto da desgraça, a verdade é que as celebrações do título do Sporting, bem como, a abertura de corredores aéreos, e a concomitante invasão de turistas, desde 17 de Maio passado, faziam prever que as coisas pudessem estar a descambar por esta altura. Infelizmente, a profecia está a dar razão àqueles que, tal como eu, temiam que um tal cenário pudesse vir a verificar-se.

A 29 de Maio último,  a cidade do Porto teve Ingleses aos milhares, para a realização da final da Champions. Vieram do seu País onde a variante Indiana à Covid-19 está em grande força. Por cá, pouco ou nada foi feito para os conter, permitindo-se-lhes tudo o que lhes deu na sua real beneta.

Lisboa debate-se com um crescimento exponencial de casos. 

O Porto, por causa dos Ingleses, há-de vir a seguir! Por volta de 20 deste mês, voltaremos a olhar a situação e logo se verá que consequências extraír de uma tão pouco assizada postura da nossa parte. Entretanto, Rui Moreira, Presidente da Edilidade, prepara-se para dar mais uma machadada na situação pandémica do grande Porto ao anunciar a permissão da celebração, em três pontos, ditos estratégicos, dos festejos de S. João.

Parece que o Verão, que temos aí à porta, não será lamentávelmente, a tão esperada janela de oportunidade para a retoma da hotelaria, da restauração, da economia, enfim, da nossa vida colectiva... 

14 maio, 2021

13 de Maio - um exemplo!

As celebrações do 13 de Maio, em Fátima, estiveram - e bem! - sujeitas a apertadas regras de controlo de pessoas no recinto, regras essas, impostas pela DGS e respeitadas como deve ser, pelas entidades religiosas que organizaram as cerimónias.

Desta forma se planeia e executa, o que deve ser feito na actual conjuntura de pandemia em que a Humanidade vive.

Outros eventos virão a breve trecho, e que bom seria, se a exemplo do que foi Fátima, se voltasse a repetir o que acabamos de presenciar no Santuário.

Vem isto a propósito, de uma eventual próxima deslocação dos jogadores campeões do Sporting às instalações da Câmara Municipal de Lisboa. Espera-se que a Edilidade e os seus responsáveis estejam bem mais atentos ao cerimonial e não propiciem festejos à varanda perante uma multidão de apaniguados, o que, se acontecesse, bem mau seria para a necessária contenção do número de infecções que tanto se deseja. 

De igual forma, vem aí a final da Champions League que está apontada para o Estádio do Dragão a 29 de Maio, com cerca de 12.000 espectadore. Imagina-se que serão, maioritáriamente, Britânicos já que ambas as equipas da final são Inglesas. Muita gente duma assentada para beber canecas e canecas de cerveja de forma desmedida, senão mesmo desalmada, tendo em conta a tal contenção de que falamos acima.

Enfim, vai ser como tiver que ser e não se vislumbra nenhuma vontade política para travar, nem que seja de forma leve, esta tendência que vai galopando de abrir, abrir, abrir em nome duma suposta normalidade, que se não adivinha, para tão breve quanto isso.

13 maio, 2021

PSP mal julgada, uma vez mais!

A P.S.P. até tinha feito todo o trabalho de casa, mas quem devia dar instruções encolheu-se, como é seu timbre

O Comando da Polícia de Segurança Pública, de Lisboa, tomou a iniciativa de alertar a Tutela Ministerial competente (M.A.I.) para a sua discordância quanto à possível/anunciada festa de conquista do Campeonato Nacional de Futebol, por parte do Sporting. E fez tal alerta em tempo útil, ficando na expectativa de ordens superiores. Ordens que jamais aconteceram, pelo que não restava muito mais à polícia que não fosse, acompanhar de perto a situação que tinha entre mãos.

Por sua vez, o Presidente da Câmara Lisboeta veio a terreiro dizer que desconhecia o parecer negativo da PSP, quanto aos festejos que se encontravam pré-anunciados, o que não deixa de ser caricato, face à responsabilidade do Edil quanto ao que se passa no seu território de acção.

Enfim, Mariana Vieira da Silva, conforme pode constatar na notícia do 'Sapo' acima, vem confirmar que à polícia, Eduardo Cabrita, Ministro que tutela aquela força policial, mandou instaurar-lhe um inquérito para apuramento de responsabilidades... Parece impossível! A fazer fé na argumentação policial, pergunta-se: Que mais, para além da chamada de atenção, podia a polícia fazer? 


29 janeiro, 2021

Juízo, precisa-se!

Estamos doidos de todo...

Num artigo da prestigiada Visão, chega-nos a triste nova de que cerca de 4.000 pessoas estiveram juntas, sem distanciamento, e na sua esmagadora maioria, sem máscaras, a assistir a provas de treino naquilo que será o lançamento do Open da Austrália.

Não há dúvida! A Humanidade não tem juízo, não se comporta, não observa a pandemia que nos enleia e nos traz sofrimento, dor e morte em catadupas...

Que mais, quantos sinais mais, que directrizes, que mandamentos, que decretos, quantos estados de emergência mais, que multas, que penalizações serão ainda precisas para nos fazer parar, a bem daqueles que linha da frente nos tratam, a bem dos vindouros, a bem dos que nos geraram, que mais haverá que fazer para parar estes estouvados doidivanas?

25 outubro, 2020

F1 no Algarve - Eles não sabem...

Depois de um interregno de 24 anos, eis que a F1 voltou a Portugal, mais concretamente ao autódromo do Algharve, em Portimão.

Em tempos de pandemia e no momento em que esta ataca impiedosamente, provocando a cada dia que passa mais milhares de infectados e mais vítimas mortais, eis que as nossas autoridades, nomeadamente as Sanitárias, deram o seu aval para esta realização. Tudo em nome da Economia, tudo em nome do País que não pode parar, tudo em nome do custe o que custar, ou, do caiam todos aqueles que tiverem de caír!

27.500 espectadores foi o número consentido de presenças..., em nome da tal Economia. Tantos sinais tão contraditórios de todos aqueles que deveriam estar a conduzir a nossa nau rumo a bom porto...

Ora se legisla não permitindo a aglomeração de mais de 5 pessoas, ora se cometem verdadeiros atentados à inteligência de todos nós, autorizando multidões deste jaez. Ora se manda as forças policiais dispersarem ajuntamentos, ora se autorizam casamentos com 200 comensais. Ora se diz que tudo depende da nossa postura colectiva e do rigor com que cumpramos as instruções, ora se enchem salas de aula com 30 pessoas lá dentro.

Não há uma direcção, não há uma voz de comando, não há quem saiba coordenar, não há, em suma, competência digna desse nome, em todos aqueles que estão à frente dos nossos destinos. Para onde vamos? É uma incógnita insuportável que nos consome os neurónios e nos desalenta a cada dia que passa!