Espelho, ou não, daquilo que somos enquanto povo, enquanto gente que se diz civilizada, pertencente à Europa, dita culta, avançada, pertencente ao mundo novo, evoluído e tecnologicamente à frente de tantas outras comunidades que habitam este planeta, presenciei ontem num parque de estacionamento de um hipermercado uma cena, no mínimo, caricata e reveladora do nível actual a que chegamos.
Num lugar de aparcamento destinado a grávidas ou pessoas com deficiência, lugar largo, generoso, como deve ser, eis que pára um carro. Quem o conduz, jovem, não grávida e sem defeitos, ajeita o bólide de forma a que, se chegar quem por direito, ali pode e deve parar, ainda o possa fazer. Sai, dá um 'click' no comando, e vai à vida...
Fiquei ali parado um minuto, a matutar nesta falta de respeito pelos outros e, eis que um novo carro aponta a frente ao espaço que resta. Jovem, sem problemas, estaciona e vai à vida.
O lugar em questão está pintado no chão de amarelo torrado com a simbologia necessária. Ninguém, mas ninguém mesmo, em consciência e verdade pode dizer que não viu, que o lugar não está assinalado, que há algo mais que havia de ser feito. Mentira, está lá tudo!
Alguns de nós é que estão a borrifar-se plenamente, para o colectivo, para a sociedade, perderam a mais elementar noção de civismo, de educação e de respeito pelo próximo. Seria giro apreciar a reacção destes dois 'especimens', se estivessem grávidas...
