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20 agosto, 2022

Smartphone ou chupeta?

Ontem, em Braga, a denominada cidade dos Arcebispos de que muito gosto, vi algo que feriu a minha atenção.

Tarde de Verão, de um calor tórrido na casa dos 35º.. Ruas pejadas de gente, cirandando de um lado para o outro, num burburinho constante digno de uma tarde de Agosto, com muita gente a lazer por se tratar do mês de férias, por excelência. Esplanadas cheias, cheias de gente, novos e velhos de várias latitudes, tal o som de várias línguas pairando no ar.

Numa das esplanadas, duas mulheres jovens, bem postas, com bom ar, respirando possibilidades... frente a frente em amena cavaqueira. Entre as cadeiras de cada uma delas, um berço com um bebé de tenríssima idade. Este pequeno ser manuseava entre as mãozitas um smartphone a escassos centímetros dos olhitos.

Embevecido pelas côres do ecrã, assim estava entretido no meio de uma total ausência de atenção, de um contacto pele na pele, de uma qualquer festa da mão da Mãe no seu rosto pequenino... Por momentos, olhei a Mãe e a amiga e dei comigo a magicar neste Mundo estranho em que pomos nas mãos de um qualquer bebé um telemóvel, só para os ter ocupados, só para que nos dêm alguma paz, ou talvez, tão sómente, para que não nos chateiem... Ter filhos é uma benção! Mas, há que lhes dar atenção, há que os alimentar, que os manter asseados e quentes, há que os educar... e, isso dá trabalho, não é verdade?

07 agosto, 2020

"Filhos do Vinho..."

É uma frase ouvida há bem pouco tempo que me deixou atordoado, a remoer na essência, no âmago do seu conteúdo. É só uma frase, uma afirmação que podia ter sido tirada de um qualquer compêndio de filosofia ou de uma qualquer tese de psicologia, ou até, de uma qualquer obra de ficção... Mas não, é uma "tirada" real, é uma verdade nua e crua, é uma pincelada sombria de um quadro de vida..., sofrida, danada,  indescritível...

Quando "chegaram às mãos" daquela profissional da Educação, eram sombrios, distantes, algo inertes, como que mal educados até... A sua rudeza, quer de movimentos, quer de procedimentos era de tal forma evidente que fervilhava no ar uma certa e afincada hostilidade para com quem estava a chegar ao seu âmago, ao seu seio. Era como se houvesse necessidade de se resguardarem atrás de uma qualquer capa que os acobertasse do intruso.

Foram precisos muito esforço, muita dedicação, muita sensibilidade, muita compreensão, muito espírito de entrega, muita vontade de integrar, de se misturar, de fazer parte daquelas vidas, que embora tenras, verdes em anos, apresentavam já um desgaste, uma intolerância, uma menor vontade em cooperar, em partilhar, em comungar do mesmo espaço, em alargar a mente às ideias de cada um inseridas naquele pequeno grupo de seres, aparentemente, sem eira nem beira.

A princípio foi penoso, desgastante até... Mas, valeu a pena, tudo é digno de realce, tudo merece ser dito, quando aquelas crianças se tornaram, fruto de muita atenção, de carinho e da capacidade de os deixar expressar ouvindo todas as suas "feridas", se consegue que a sua autenticidade se revele, que a sua verdade intrínseca se mostre sem medos de nenhuma espécie.

"Deixei-os, por imperativo da profissão. Mas, deixei-os com o quadro de lousa e giz (ainda se usa por aquelas paragens) cheio de corações, de florinhas e de expressões mimosas que passei a trazer comigo no coração. Espero que aquelas crianças que passaram de pequenos diabinhos à solta a verdadeiros criaturas angelicais, se tornem adultos melhores, mais felizes e mais preparados para a vida que está para vir!", assim se exprimiu aquela fantástica profissional.