Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta poesia. Mostrar todas as mensagens

09 março, 2024

Mulher, sempre Mulher!



Mulher, Mulher...


Bendita Mulher, formosa, de silhueta grácil,

Porto de abrigo, que nos ampara e torna fácil,

Toda esta correria em que sempre nos afadigamos,

Todo este turbilhão que nos suga, sem que o sintamos


E, afinal, para que serve tanto querer, se não estiveres ali?

O porquê desta ansiedade, se eu tiver que viver sem ti?

Anda cá, embrenha-te em mim, dá-me um abraço,

Tu és a garantia do que sou, e a certeza daquilo que faço.


Fica comigo, não te vás, preciso ter-te por perto!...

O cetim da tua pele e o aroma que de ti emana,

São minha fogueira, são meu lume e a minha chama.


O que me apaixona por ti, é algo que tenho por certo,

Que me leva para terras distantes, num sonho desmedido,

Tudo o que quero, tudo o que sonho, é tão-só ficar contigo!



Carlos Menezes



17 fevereiro, 2024

Um pouco de mim...

Absorto



 Acordei esta manhã, meio tonto.

Levantei a custo e questionei-me:

Mas que raio se passa comigo?

Por que ando tão combalido?


Estou exausto, tão sem genica...

Limpo o rosto a uma toalhita.

Abanei a cabeça, sacudi as ideias,

Massagei os pés e calcei-os com meias


Pé ante pé fui até ao espelho, e não gostei do que vi.

Sou um maço de folhas, folhas que ainda não li.

Sou um magote de pensamentos dispersos,

Sou um naco de ideias soltas, em rimas e versos.


Onde estou, ó Deus!? não me reconheço,

Eu só quero ver-me por dentro, quando amanheço.

 E, para que lado me viro quando adormeço?

Belisco-me, estou vivo ainda! será que mereço?


Abanei-me aturdido, ainda surpreendido,

Salto do leito e num ápice, dei comigo vestido.

Tomei café, mastiguei um qualquer nada,

Saí de casa e embrulhei-me na calçada.


Olhei os outros no fundo dos olhos,

Como se quisesse entrar-lhes na alma

Vi aquela moça de vestido de folhos

Vi-os a todos, num misto de fúria calma.


De repente, fiquei ali parado, especado...

Mirando as madeixas daquele cabelo pintado.

Revirei meus olhos num arrepio sem fim,

E dei comigo a indagar, o que vai dentro de mim?

 

Passaste ladina em passo aligeirado,

Deixaste tua fragrância no ar, impregnado.

Quando abri as pálpebras que havia cerrado,

Perdi-te algures na aragem, já tinhas abalado.


Sem saber o que fazer, e como fazer, só sem saber,

Indaguei o horizonte, como se dali viesse uma resposta;

Mas nada! Nada de novo que me fizesse resplandecer,

Deixei de ver rostos, só olhos frios, sem nada à mostra.


Senti-me sózinho, rodeado de tanta gente,

Assustei-me com a multidão que me rodeava dormente.

Bradei aos Céus todo a minha ira, toda a minha fúria

Mas, fiquei-me ali, alquebrado, ruminando uma lamúria.


Eu quero ir! Quero ir embora, para longe daqui,

Já nem sei o que me agarra, o que me sustém aqui.

O que fiz eu Deus meu, para merecer esta sensação?

Para ter dentro de mim este clamor, este grito no coração?


Aconteça o que quer que seja que aconteça,

Estarei por perto, sentar-me-ei contigo à mesa.

O que farei a seguir, o que está escrito no porvir?

Logo verei se fico, se hesito, ou se, afinal, tenho de ir.


E que mais, que mais meu Deus hei-de eu fazer?

Por onde quer que vá, o caminho é sinuoso,

É íngreme, difícil, cansativo, e até tormentoso.


De que sou feito, qual a matéria do meu ser?

Sem resposta, deixo caír os braços ao longo do corpo,

E fico inerte, ausente, longínquo... e absorto.



Carlos Menezes

17 novembro, 2023

Divagações...

Por aí...


Quis fazer algo nas cercanias de um poema,

Mas, dei uma clicadela e o teor foi para o espaço,

Não querendo desistir, pois esse não é meu lema,

Repeguei na coisa, p'ra dar um fim àquilo que faço.


Quanto à temática, evaporou-se pelo caminho,

Já nem me lembro qual era motivo em que pensei.

Por entre a bruma que se adensa de mansinho,

Páro ensimesmado e penso nas voltas que lhe dei.


Entretanto, ó gente, nem vale a pena contar-vos

Os trilhos que em devaneio puro percorri,

Tais foram os saltitos e sapateado em frenesim.


Se calhar, era disto que queria falar-vos

Duma vida feita de muitas páginas, que li e reli,

de hiatos de memória, naquilo que sobra de mim.



Carlos Menezes


05 outubro, 2023

Amanhã, se o houver

 


Se eu puder, amanhã!



Atordoado, vou andando por aí,

Errante, sem tino, sem eira nem beira.

Olho de viés, para trás e fico-me por ali..

Estou extenuado, tão cheio de canseira.


Parece que foi ontem, mas não foi, eu sei.

A vida rodopiou depressa e levou-me os anos.

Embora me pareça mentira, uma utopia, voei,

Onde estou? Não sei! e pergunto-me: p'ra onde vamos?


Quero viver, quero brincar, quero sorrir,

Quero continuar este caminho, sem garantia de amanhã.

Parar onde? Logo verei, depende do trilho que descobrir.


E o que quer que faça, onde quer que chegue, quero ir!...

Nem que seja para me enlear na macieza dum fio de lã.

Para... chegando ao fim, olhar o futuro e o que está p'ra vir!



Carlos Menezes



04 julho, 2023

Para Ti, Tesouro

Para Ti,  "Tesouro"



Ainda to não tinha dito: sou teu fã incondicional,

Talvez um dia, quem sabe? tu dês por ela...

Se de tal te não deres conta, não te preocupes,

Foi culpa minha, não usar teu "pin", na lapela. 



Vais fazendo teu caminho pelas veredas da vida.

Vais semeando frutos lindos que um dia colherás.

Claro, importa o tempo, o quanto há para caminhar

Mas, demorando mais ou menos, estou certo: "lá" estarás!



E, se um qualquer dia, de um tempo qualquer

Tu não encontrares, o que com afinco plantaste,

É porque não valeu o esforço, aquilo que semeaste.



Mas, descontrai teu corpo, relaxa tuas entranhas.

O que quer que seja que para trás deixaste,

Um dia te dará, tudo aquilo por que lutaste.



Carlos Menezes

04 julho, 2022

O teu Dia



Chegaste naquele dia à nossa vida,

Foste presente Divino que nos inebriou.

Encheste-nos de risos, de montes de alegria,

Trouxeste-nos a essência daquilo que sou

Foste o Sol, a luz, o brilho daquele Dia



Foram dias, foram meses, foram anos,

Têm sido os tempos mais gloriosos da vida.

Tu és o diamante que brilha no firmamento,

Tu és o Sol, a Lua, a Galáxia, tu és a lágrima sentida,

Que me enche de felicidade e alumia meu pensamento.



Quero dizer-te o que me vai cá dentro,

Quero que saibas o quanto te queremos.

Oxalá, chegues onde te propuseste chegar,

E consigas o porto seguro que antevemos.



Iremos sempre ter-te dentro de nós.

Ocuparás sempre um canto dos nossos corações.

Ter-te-emos sempre gravada na alma e na mente.

Estarás sempre por ali, por aqui, estarás presente,... 

sempre!



Carlos Menezes


26 junho, 2022

O que sou e para onde vou?...




Levanto-me de manhã e olho o dia à frente
Ainda nem sei o que farei, nem como vai correr
Lá vai o dia indolente, devagar, dormente
Levei às costas as horas, sem saber o que fazer.

Belisco-me atordoado, meio zonzo, ensonado,
Engulo o café, os cereais, estou em pé e pouco mais
Deambulo na cozinha e ouço na rádio uma qualquer mensagem
Que me gela, e me leva à pergunta: para onde vais?

Não. Eu prometo que por ali não volto a seguir,
Por aquela vereda, eu não me vou escapulir.
Assumo que vou ficar, doa a quem doer, eu ficarei.

Jamais foi minha intenção fugir; também não quis fingir,
Que não sendo aquilo que sempre quis ser, afinal, tenho que admitir.
O que fiz ou não fiz, certo ou errado?, fi-lo o melhor que sei!




Carlos Menezes


04 julho, 2021

É hoje, é hoje!...


Tu, que consegues ler nos meus olhos

Tu, que tens arrostado contra ondas e marés

Tu, dona de sorriso diáfano, tão belo,

És serena, tão meiga, da cabeça aos pés.


Que os meus dias são cheios de Sol

Que o teu sorriso, é o meu melhor amigo.

Tudo isso eu tenho, por estares por perto,

Nós só queremos ser teu porto de abrigo.


És um Ser enleante e carinhoso

Serás sempre doce fatia daquilo que somos.

És a brisa sentida, o esvoaçar airoso,

És o fruto da história, de tudo o que fomos. 

És cambraia fina, aquele tecido tão sedoso,

Que nos afaga o rosto com toque gostoso.


És a joia preciosa, o nosso ourinho de lei,

És o fio de água pura, que jorra no fontanário.

És a luz daquela Lua grande, na noite enluarada

Serás sempre na vida, o tal diamante..., extraordinário


Queria dizer-te tantas coisas, tantos sonhos, tantos planos,

Mas não me chegam as palavras, os gestos, as ideias,

Talvez tu consigas adivinhar o que me falta,

Talvez tu consigas saber o quanto te amo..., assim que me leias.



Carlos Menezes


29 dezembro, 2020

Vai-te!...

Está de partida,

Prestes a ir-se embora.

Não deixa saúdades.

Está ainda por aí, ainda cá mora

Vai de rectro, vai-te embora,

Vieste dar-nos cabo da vida,

Mas, eu ordeno-te: "põe-te lá fora!"


Já nada fazes por aqui,

Debanda, sai do meu lado

Afasta-te de mim desgraçado.

Vai-te, vivo tão melhor sem ti!


Já só queremos sentir-te o cheiro

Imaginar-te bem lá no fundo,

A caír, aos tombos no desfiladeiro.

Inanimado, alquebrado, moribundo.


Quiseste  a nossa desgraça,

Semeaste em nós a dôr, a doença,

Ainda cá estás, mas vais partir

Hás-de ir-te, a bem ou a mal, sem querença,

Vai-te, por entre a nossa indiferença, 

Já cá temos muito quem faça,

Asneiras tantas, sem licença!


Carlos Menezes

18 dezembro, 2020

É Natal e estamos sem chão

Poema de Natal



É Natal, está a chegar o Deus Menino.

Ei-lo que chega, para salvar a Humanidade.

Com Ele, trauteemos um hino.

Feito de côr, de luz, e de humildade.


Nesta época tão festiva, tão sentida.

Brindemos um hossana à Vida.

Encaremos de frente tanta desgraça.

Ocultemos a dor que enleante, nos abraça.


E se de ausências e falta de perseverança.

Vamos falando com toda a esperança.

Então, ecoemos unidos e alegremente.

Ele está a chegar, eis o Omnipotente.


Numa altura tão especial, o mundo sucumbiu.

Quebrou-se em pedacinhos e estamos atordoados.

Perguntamo-nos, onde estás, quem sou, quem te viu?

Estamos sem fôlego, perdidos..., desorientados.


Quem sois afinal e para onde ides?

O que tentais com tais faenas e lides?

Se aos cornos de um touro tombais.

Para que são tamanhos gritos, tantos ais?


A vida vai-nos toureando maldosamente.

Foi-nos injectando, cínica e vagarosamente.

Está a inocular-nos com estirpes virais.

Vai-nos vacinando, para evitar tristes finais.


Já passamos um naco, um sentido "ai Jesus"...

E vamos continuar a penar, a fazer o sinal da cruz.

Entoando uma oração, por todos os que já cá não estão.

Desta vida se foram, já perderam este chão!...



Feliz Natal, para todos os que o possam ter!...



Carlos Menezes


04 julho, 2020

Para Ti, com amor!




Queria dizer-te algo de especial, de memorável
Mas escasseiam-se-me, fogem de mim as palavras...
Quero dizer-te: Adoro-te e coisas assim...
Minha Linda, tu sabes: tu moras em mim.


Está escrito no Céu, "Hoje é o Dia"
Dançam as núvens por entre o arco-íris
Naquela réstea de luz que nos ilumina o rosto
Brilha o horizonte para lá do Sol posto


Fazes anos, umas Luas, alguns Sóis
Tantos sorrisos, tantos afagos sentidos
Alguns dias nesta senda de anos percorridos


Que o Divino te alimente de luz e alegrias
Que a felicidade te inunde os dias e possas ter
Tudo o que almejas, tudo aquilo que sonhaste ser!




Carlos Menezes





18 junho, 2019

Mãe, querida Mãe!

Trinta e dois anos e alguns dias depois, e para que fique para memória futura, eis meia dúzia de palavras que te devotamos por altura dos teus "quarenta":

Minha Mãe querida, 
Meu Sol, meu Tudo, meu calor, 
Deus te dê longa vida,
Meu Mundo, meu Amor.


Hoje fazes um ano mais,
É o calendário quem o diz,
Suspiramos muitos ais,
Queremos que sejas feliz.


Sê-lo-ás concerteza,
E sabes porquê "Mamã"?
Porque nós te daremos força,
Porque estaremos junto a Ti,
Porque nós ambos faremos,
O teu dia de "Amanhã". 


                                                                       Só nós Dois!

30 setembro, 2017

Olá, Linda!


Meu Anjo, meu Tesouro


Continuas linda, tão linda meu amor,
Resplandecente e plena de formosura.
És uma mulher majestosa e elegante,
E, no entanto, tens em ti tanta candura.


Como a onda que mansamente beija a areia,
Como a núvem que toca nos céus e por lá vagueia,
Também tu percorres a vereda do destino,
Fazendo de cada dia de canseira, um hino.


Sobes a pulso, com bravura e sem rede
Os caminhos que a vida te vai dando.
Alegrias, derrotas e alguma lágrima furtiva,
Estão lá..., sofridas de forma sentida.


Vais continuar  resolvida e determinada,
Na busca dos teus ideais, dos teus anseios.
É uma luta permanente e interminável,
Digna de guerreira, pujante e indomável.






Carlos Menezes









05 julho, 2016

...e, foi ontem!


Minha Flôr, meu Dôce


Franzina, parece um"dez reis de  gente",
No entanto, ela é meiga e comovente.
Ela é tão chegada e tão presente,
Ela é macia, suave e quente.

Ela é intuitiva e inteligente,
Ela é sagaz, de luzidía mente.
Ela é senhora de porte eloquente,
Ela conhece a verdade e quem mente.

Ela sempre foi de uma grande ternura,
Ela sempre soube usar tão bem a candura.
Ela sempre guardou ciosa, na sua lura,
O que de melhor tem em bravura.

Ela é flor de um jardim imenso,
Ela é o aroma esfusiante de um incenso.
Ela é o arabesco desenhado no lenço,
Ela é o perfume penetrante e denso.

Ela foi para lá cheia de garra e coragem,
Ela está só, com dias enormes, sem companhia,
Ela precisa deslizar, ganhar embalagem,
Ela precisa voar, e sonhar uma alegoria.

Tu és uma grande Figura, um grande Ser.
Tu serás sempre alguém que merece respeito.
Tu és tudo aquilo que eu não pude ser,
Tu  és e sempre serás, a batida que sinto no peito.



Carlos Menezes.

23 julho, 2015

Reacendendo a chama...


Voltar, sempre!


Saí de casa e fiz-me à estrada:
Para trás, ficaram o lar e o passarinho,
Fui devagar, com cuidado, de mansinho,
Saboreando cada detalhe do caminho,
Sentindo o aroma das flores, do rosmaninho,
Levando nos olhos a Senhora alada,
E na alma, o cântico, a oração entoada.


O asfalto negro, cozido a branco na margem,
Parecia não mais ter fim, não mais acabar.
Metro após metro, percorrido sem parar,
Na capelinha foi desaguar.
E ali ficamos, aturdidos, a orar.
Arrepiou-se-nos a pele, diante da Imagem 
Ela, que é a razão da nossa romagem.



"Avé Maria, cheia de graça, bendita sois Vós..."
Mãe do Céu, estamos no teu local sagrado.
Pede ao teu bendito filho por nós,
Para que o nosso dia seja abençoado.



Saí de casa e fiz-me ao caminho,
Com a alma cheia e um sorriso no rosto,
Levando comigo a esperança toda;
Embuí-me da minha melhor disposição,
Despi a veste do rosto fechado.
Inebriado, enchi de ar puro meu coração,
E sorri, sorri p'ra gente que não conhecia..., ali ao meu lado.


Saí de casa e fiz-me ao caminho...
E, ali estive, em silêncio, em recolhimento,
Imaginando a Imagem a pairar no firmamento.
Quando chegou a hora do regresso, do adeus,
Olhei-Te com veneração, com candura,
Humedeceram-se os olhos meus,
E a lágrima salgada, afinal..., era d'água pura.



Carlos Menezes












27 maio, 2015

Poesia e Filosofia


Constatações...





"A VIDA É FILHA DA PUTA,
 
A PUTA, É FILHA DA VIDA......
 
NUNCA VI TANTO FILHA DA PUTA,
 
NA PUTA DA MINHA VIDA !"
 



(BOCAGE)

21 junho, 2014

Beleza para partilhar

“A morte não é nada,
Só passei para o outro lado,
Eu sou eu. Vós sois vós.
O que eu era para vós, continuo a ser.
Dai-me o nome que sempre me deste,
Falai-me como sempre o fizeste.
Não empregueis uma maneira diferente,
Não tomeis um ar triste.
Continuai a rir daquilo que nos fazia rir juntos,
Sorriam e pensem em mim.
Que o meu nome seja pronunciado em casa
Como sempre foi,
Sem exagero de coisa alguma.
A vida significa tudo o que sempre foi.
O fio não está cortado.
Porque estarei fora do vosso pensamento?
Simplesmente porque não me vedes?
Não estou longe,
Só estou do outro lado do caminho.”


Charles PÊGUY

17 agosto, 2010

Desencontros



O que fiz da vida até hoje?
O que pedi aos Deuses me fosse dado.
Cêdo bamboleei a minha vontade.
Tarde enxuguei a angústia, ali ao lado,
Na madrugada da vida, fiquei ali, inerte...
Aspirando que o relógio acerte.
A cadência lenta do meu fado.

Quem mal não julga, mal não pensa.
Quem muito pensa, morre de tédio e torpor.
Quem corre por gosto, não cansa,
e quem cansa por muito correr, até pode morrer...
Mas, pensando tanto, até à exaustão,
Pode ser que feneça, suavemente, de amor...
e que de forma suave, ali tombe, e caia no chão.

Desencontrados encontros,
Em tardes soalheiras, pela manhã,
Esvoaçam quedos nos meus ombros.

Fruto proibido e gostoso, qual maçã,
colhida de árvore semeada em combros,
Assim..., me enrosco em mim, qual meada de lã.


Carlos Menezes.


24 setembro, 2009

Gripe A e Campanha em verso...





Não é para assustar..., mas também não é para olvidar!


Não nos devemos alarmar.
Não nos podemos amedrontar.
Vamos até, fazer de conta, ignorar.
E, quem sabe? talvez isto vá passar.


Ignorar, fazer de conta, estar calado.
Não é connosco, é com o do lado,
é burrice pensar que nos não vai calhar,
vai estar ali, bem à mão de nos tocar.


E a senhora com cara de doente
também a voz, monocórdica e dormente,
vai jogando ao faz de conta
e dizendo: "que o caso é de pouca monta."


Estas coisas, só dão aos outros, ao vizinho.
Atacam a malta e o Zé Povinho.
A nós, tende calma, estamos imunes,
deixem-se de lamúrias e queixumes.


O que é facto, mesmo de brandos costumes,
é que uma vida já se foi, desmaiou, já se finou...
já não respira, feneceu e acabou.


Sim, voltemos a repetir até à exaustão:
"É com o outro, com o do lado, fique descansado",
o que se foi, o que já partiu, é passado, coitado...


E a responsável, lá anda nas suas lides,
hoje, não veio explicar-se, anda em campanha
anda ocupada, em corrida, ninguém a apanha.


Na casa de mais de dois milhares por semana,
E o tempo vai de Verão, dias lindos e ensolarados
Quem se chateia com milhares de gajos gripados?


E os planos de contingência, tudo pronto?
"Está tudo preparado, folclore e fanfarra!"
Morrer de gripe?, era o que mais faltava.


Lá mais para a frente, a situação será pior.
Haverá mais gente a sofrer e, se calhar, a desaparecer.
E os 'maiorais' farão de tudo para esconder.


Não era disto que eu queria versar.
Aconteceu, por acontecer, sem fama nem glória,
mas, já que assim foi, que nos fique na memória.



Carlos Menezes

02 setembro, 2009

Mar, ó Mar!...





Ó Mar, belo monstro azul
 que enrola na areia e descansa,
cuja onda desfaz e se amansa;
tuas vestes feitas de tule,
ondulam na brisa da bonança
 e assemelham sorrisos de criança.


Ó Mar, tu que me fascinas!
de ti guardo tantas memórias,
a ti canto, Hossanas e Glórias.
És mulher de longas 'crinas',
alazão veloz como uma seta.
E Adamastor, na pena do Poeta.


Como a mais bela das Mulheres,
também tu, tens marés,
ora baixa, ou preia-mar.
Serão sempre como quiseres,
estarão sempre a teus pés
desmaiadas, a alquebrar.


Mas, as nuvens lá do alto, no céu,
de repente fecharam, escureceram,
ameaçando o Mar de engrossar;
romperam, deixando ao léu,
uma nesga do manto em que teceram,
arabescos dourados a bailar.


Mar, ó Mar, feito de gotas de chuva,
que sopras no vento partículas de ti,
queda-te na fúria e aconchega-te aqui.


Tua beleza, feita de fúria calma,
é tão sublime como tua acalmia furiosa,
que bate na rocha, gemendo queixosa.


E, lá no alto, na crista de uma de tuas vagas,
dançam duendes com trajes de espuma,
beijam na praia..., as ondas, uma a uma.


E há o Sol, dengoso, que refulge em ti...
que de ti arranca mil reflexos, tanta cor,
deitando-se, à tardinha, à borda do Sol pôr.


Mas, tu és de tantos amores...
tua paixão pelo Sol, não deixa que olvides a Lua,
e também ela, - brilhante, bonita e bela -, quer ser tua!


Mar chão, mar encapelado, mar bravo, mar cão
qual camaleão capaz de ornar as diferenças do mar,
só p'la sua contemplação, sou capaz de me apaixonar...


Carlos Menezes