29 dezembro, 2020

Vai-te!...

Está de partida,

Prestes a ir-se embora.

Não deixa saúdades.

Está ainda por aí, ainda cá mora

Vai de rectro, vai-te embora,

Vieste dar-nos cabo da vida,

Mas, eu ordeno-te: "põe-te lá fora!"


Já nada fazes por aqui,

Debanda, sai do meu lado

Afasta-te de mim desgraçado.

Vai-te, vivo tão melhor sem ti!


Já só queremos sentir-te o cheiro

Imaginar-te bem lá no fundo,

A caír, aos tombos no desfiladeiro.

Inanimado, alquebrado, moribundo.


Quiseste  a nossa desgraça,

Semeaste em nós a dôr, a doença,

Ainda cá estás, mas vais partir

Hás-de ir-te, a bem ou a mal, sem querença,

Vai-te, por entre a nossa indiferença, 

Já cá temos muito quem faça,

Asneiras tantas, sem licença!


Carlos Menezes

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