Está de partida,
Prestes a ir-se embora.
Não deixa saúdades.
Está ainda por aí, ainda cá mora
Vai de rectro, vai-te embora,
Vieste dar-nos cabo da vida,
Mas, eu ordeno-te: "põe-te lá fora!"
Já nada fazes por aqui,
Debanda, sai do meu lado
Afasta-te de mim desgraçado.
Vai-te, vivo tão melhor sem ti!
Já só queremos sentir-te o cheiro
Imaginar-te bem lá no fundo,
A caír, aos tombos no desfiladeiro.
Inanimado, alquebrado, moribundo.
Quiseste a nossa desgraça,
Semeaste em nós a dôr, a doença,
Ainda cá estás, mas vais partir
Hás-de ir-te, a bem ou a mal, sem querença,
Vai-te, por entre a nossa indiferença,
Já cá temos muito quem faça,
Asneiras tantas, sem licença!
Carlos Menezes
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