03 dezembro, 2023

Guerras e Humanidade

Lá por fora, na Ucrânia e na faixa de Gaza, como em tantos outros locais por esse Mundo fora, a miséria da guerra continua a fazer as suas vitimas, continua a deixar os que ficam com lágrimas a correr rosto abaixo, chorando a perda de todos os seus, que partiram de forma irreparável e desgraçada.

Os Senhores do Poder, do dinheiro, da abastança, enfim, os ricos decretam as guerras e mandam para as suas frentes de batalha todos aqueles que não passam de pobres, de meros números num recenseamento qualquer que os atiram para uma guerra sem quartel, em que na maior parte das vezes, nem sequer sabem por que estão a matar-se selváticamente, uns aos outros.

São assim os designios da guerra. São asim as cabeças tiranas de meia dúzia de "eleitos" a quem a vida, o destino, a sorte, ou seja lá o que fôr, deu poderes para disporem assim das vidas de todos os outros que lhe estejam abaixo na escala hierárquica do social, da família nobre, da realeza, ou, pura e simplesmente, porque têm mentes enviesadas e doentes que a maioria lhes permitiu crescer e progredir, nunca se saberá bem porquê...  A vida, a História, está repleta de alguns exemplos que provocaram verdadeiras tragédias humanas... Que bom seria pudéssemos corrigir erros pelos quais já passamos, mas dos quais nos recusamos a reter os ensinamentos!

A Escola, esse "parente" pobre...

A Escola é fonte de saber, é mina do conhecimento, mas, é também alpendre onde se acoitam tantas carências...

A Escola tem que ser, ou devia ser, Inclusa e Inclusiva. Isto é, qualquer que seja a procedência, qualquer que seja o extracto social, qualquer que seja a côr da pele, qualquer que seja o credo religioso, qualquer que seja a deficiência fisica ou psico-motora, a Escola é, e sempre será, o primeiro bastião, a primeira pedra na construção e constituíção de cada um dos seus alunos, como alicerce do seu amanhã, do seu futuro próximo. Mas, a Escola não está a ser nada disso!

A Escola está a transformar-se, gradualmente e por cada ano que passa, numa outra coisa. A Escola alberga dentro de si própria, uma nova filosofia, um novo conceito, cujas coordenadas vêm de cima, do poder instituído, em suma, do poder político.

À Escola tudo se pede, tudo se exige e tudo se restringe, porque a Escola não tem Professores, a Escola não tem Funcionários em número suficiente, a Escola não tem Psicólogos, a Escola não tem Professores do Ensino Especial, a Escola não tem edifícios condignos, a Escola não tem meios informáticos como computadores e projectores, como se exige nesta era da digitalização. A Escola, em muitos casos, não tem sequer, pavilhão de Ginástica; a Escola tem, isso sim, em tantos outros casos, tectos por onde entra a água da chuva, tem janelas que não vedam o frio no Inverno, tem pavimentos degradados, tem cantinas obsoletas e ultrapassadas no tempo...

E, depois, temos uma Governação, qualquer que seja a côr dominante em S. Bento, que está sómente preocupada com as percentagens de sucesso a transmitir ao nosso Instituto Nacional de Estatística, que por sua vez, as fará chegar à O.C.D.E. de forma a ficarmos bem na fotografia. Cada chumbo, cada criança que repete o ano, custava há dois anos cerca de 5.500 euros/ano ao Estado, daí a instrução do Ministério que tutela a área da Educação, no sentido de agilizar, de facilitar, de deitar para trás das costas tudo o que seja exigência dos saberes, provas efectivas de tais saberes, regras quanto ao mérito, quanto à disciplina, quanto à educação cívica, quanto à postura comportamental, quer seja na vertente individual, quer seja na vertente colectiva.

Tudo se esboroa desta forma capciosa. Tudo se altera, tudo se muda, tudo se garante, tudo se dá por ganho, quando nada está garantido, nada está sólidamente conquistado, bem longe disso. Grita-se aos sete ventos que temos estado a produzir a geração mais qualificada, mais apetrechada em conhecimento, em competências, em especialização. Desenganem-se!!! Extraíndo do todo da nossa camada estudantil, talvez uns lisongeiros 20%, crê-se que os restantes são de uma ignorância que até dói, que é absolutamente confrangedora. Não sabem escrever um parágrafo inteiro sem cometer erros ortográficos, não sabem classificar uma oração em contexto gramatical. Desconhecem em absoluto os mínimos da nossa História de nove séculos, não fazem ideia de quantos rios correm em Portugal, de qual a altitude da mais alta serra do nosso território. Tirando-lhes as redes sociais e a muita apetência por meios electrónicos, são incapazes de, mentalmente, fazer uma multiplicação simples sem uma calculadora por perto...

Como se não chegasse todo este cenário quase Dantesco, há que acrescentar a Casa, ou melhor dito, a ausência da mesma. Pais e Avós, numa esmagadora maioria, há já algum tempo que se demitiram da sua mais elementar obrigação, como seja: educar, orientar, dialogar, respeitar e dar-se ao respeito, gerir e forçar a criação de regras, de disciplina, de ensinar a humildade quando disso fôr caso e estimular a auto-estima no bom sentido, visando a evolução e o desenvolvimento físico, mental e psicológico do jovem em crescimento. Mas, os corredores das nas nossas Escolas têm muito pouco disto! Tirando 3 ou 4 pérolas que possam existir numa turma de, digamos 23-25 alunos, o resto são pequenos delinquentes, são precocemente, marginais em potência, que quando em grupo, assumem laivos de uma força física que, fácilmente, pode descambar para a asneira e para a desgraça.

João Costa, o ainda Ministro da Educação (até quando?) vai assobiando para o lado, como que a tentar ignorar, a passar ao lado, duma realidade que já está instalada na nossa Escola, principalmente, nas três ou quatro grandes urbes do nosso País, aquelas onde o número de bairros sociais e de Famílias carenciadas e desustruturadas é mais visível e mais real. Nestes casos, a Escola e uma sala de aula, ou um corredor da mesma, são já locais de massiva grosseria, de má educação, de insulto gratuíto em altos berros, de "bullying", deles para com eles e deles para com Funcionárias e Professores, que são escassos para as necessidades e não podem, portanto, assegurar que a Escola seja um local de transmissão de conhecimento sim, mas, e também, de harmonia, de respeito e de cultura cívica, como deveria ser.

Os Professores estão esgotados. O Pessoal Auxiliar, manifestamente insuficiente, está esgotado. Os Professores consomem a maior parte do seu tempo de vida docente, preenchendo grelhas avaliativas, lendo normas e decretos lei que as Direcções lhes encaminham por e-mail em catadupa, elaborando testes avaliativos, quer escritos, quer auditivos (falando no caso das Línguas), fazendo a sua posterior correcção. Os Professores recebem Pais ou Encarregados de Educação quando são "bafejados" com uma direcção de Turma, prestando esclarecimentos sobre aproveitamento escolar, sobre postura comportamental, encaminhando para a "CPCJ" (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens), quando, desgraçadamente, a casa desustruturada conduz a que seja o Professor a sinalizar o/a menor perante as autoridades e a Segurança Social. Enfim, o calvário de todos os dias, de todas as semanas, de todos os meses e de todos os anos, leva a uma exaustão emocional, física e psiquica que deixa todos os Profissionais que trabalham nas quatro paredes de uma Escola, bem perto de um ataque de nervos, de uma depressão contínua e de um estado de manifesta infelicidade permanente...

Para culminar, acrescentar tão só, o quão útil seria para o futuro e para a segurança de todos, que a Tutela ousasse instalar câmaras de vigilância dentro das salas de aula, de forma a estancar, enquanto é tempo, esses rios de indisciplina, de total ausência de regras, de total desresponsabilização dos prevaricadores, que acham que tudo podem, que não aceitam um "NÂO" em caso algum, que usam a arrogância e o desrespeito como arma do dia-a-dia, logo agora que estamos a receber jovens de várias latitudes, de vários credos, de várias culturas, gerando um caldo multi-rácico que pode revelar-se um caldeirão fumegante e altamente perigoso dentro da próxima meia dúzia de anos. Pensem nisso senhores do poder, mas pensem rápido, pois sois demasiado permissivos e pactuantes com todos aqueles que precisam ser energicamente travados, antes que venhamos a lamentar algo de irremediável e sem regresso!!!



Manuel Pizarro, criança assistida no chão

O impossível, o impensável, o inimaginário aconteceu!...

Uma Mãe de criança com 2 anos de idade, recorreu à Urgência do Hospital de S. Sebastião, na Vila da Feira, porque o seu filho estava com febre e na iminência de sofrer convulsões.

Desafortunada e desgraçadamente, quando esta Mãe chega ao ponto onde, supostamente, o seu filho será devidamente tratado e medicado, eis que se depara com a Urgência de Pediatria encerrada, não lhe restando, perante o desespero desta tão aberrante realidade, senão ligar para o "112"/INEM, cuja viatura médica se encontrava ali a escassas dezenas de metros. Chegado o socorro possível, a criança é tratada no chão - com um hospital ali tão perto! - e, posteriormente, encaminhada para o Hospital de Vila Nova de Gaia.

Não aconteceu desgraça, não aconteceu fatalidade terminal, a criança não morreu, felizmente, mas é tão deprimente, é tão calamitoso que tenha acontecido num País que se diz da Europa, do Mundo Ocidental, que se quer ao nível dos melhores e que, celebrará a breve trecho, os 50 anos da Democracia, que o acontecido nos deve envergonhar a todos, essencialmente, ao Ministro da Saúde Manuel Pizarro, que é uma nulidade total e que, para bem do SNS, se devia afastar da função imediatamente, pois não tem a mínima sensibilidade, nem competência, para gerir um sector tão vital quanto o da Saúde.