02 junho, 2022

Julgamentos - quando?

 Há algum tempo, não muito, se comparado com aquilo que é o tempo da Justiça, dois idosos pegaram-se de razões por causa de uma disputa antiga sobre terrenos. Palavra puxa palavra, passearam-se pela troca de insultos e acabaram a guerrear-se ferozmente. Em suma, um deles matou o outro de forma violenta com recurso a arma de fogo.

O habitual, infelizmente, em tal tipo de contendas. Já o que não é nada habitual é que o Tribunal foi célere no julgamento e na aplicação de pena: 21 anos de prisão para o comprovado assassino! Espantoso. Fantástico. A Justiça no seu melhor!

A pergunta que nos ocorre é a seguinte: Por que motivo é que se não julgam com esta celeridade, com esta eficiência todos aqueles outros casos que andam nos corredores da Justiça anos e anos, na casa da década até, como que a ganhar môfo, empoeirando as nossas vidas, manchando a dignidade que deve ser atribuida a certas Instituíções? Para quando os julgamentos dos Sócrates, dos Salgados, dos Berardos, dos Pinhos e de tantos outros quejandos que duram, duram até nos exaurirem o juízo e prescreverem, incorrendo o Estado (nós todos) no pagamento de milionárias indemnizações a esta data de sanguessugas malfeitoras? Para quando?...

Um Milhão e 1.455 mortes!...

Segundo os meios de comunicação social de hoje, nos dois últimos meses - Abril e Maio - houve cerca de um milhão de novos infectados com Covid-19 e ocorreram 1.455 vitimas mortais...

Segundo os especialistas, tais números, absolutamente avassaladores, ficam a dever-se à nova variante da Ómicron, a BA.5 e à queda do uso obrigatório de máscara. Não há dúvida: se queriam, ver ao vivo e a côres, como se comportariam as pessoas após o alívio de uma das principais medidas restritivas, eis o resultado! Podem bem gabar-se de serem pioneiros na toma da medida e, também, na conquista de mais um triste recorde para o nosso grande manancial de atitudes descalibradas, pouco pensadas, enfim, estúpidas! Somos de novo, os piores da Europa!

A ver vamos, até onde vai o presente descalabro e à custa de quantos mais se fará a história desta tão triste fase das nossas vidas.


Estamos a criá-los assim...

Quer-me parecer, para mal dos nossos pecados, que não há dia sem que haja uma desgraça violenta perpetrada por um qualquer desvairado, munido de arma branca ou de fogo.

Agora, foi há dois-três dias que, numa discoteca de Paredes, uma criança(?) de 17 anos, armado com pistola disparou sobre dois homens de 25 e 26 anos de idade, sendo que o mais velho destes já faleceu e o outro se encontra em estado grave numa unidade hospitalar.

Somos uma Sociedade permissiva, branda, "meiguinha" para com toda uma panóplia de gente que por aí anda e que ainda não 'solidificou' a massa encefálica, tal é a irresponsabilidade, a arrogância, o laxismo e a perfeita consciência da sua quase total impunidade, perante qualquer tipo de comportamento menos aceitável que se decidam ter.

Deram-lhes muitos videojogos, muitas consolas "xpto", ofereceram-lhes em bandeja o último grito do smartphone mais em voga. Ao menino não se grita! Ao menino não se dá uma chapada que isso é violência doméstica. Ao menino, o professor não levanta a voz, senão a Mãe do rapaz vai à Escola e parte a louça toda. Não! À menina e ao menino, quem sabe o que é melhor e o que fazer "sou eu! Ai de quem belisque o meu menino!..."

E o menino, cá como nos Estados Unidos, arranja uma faca, arranja um punhal, arranja um revólver ou uma arma de guerra e quando o chateiam, quando lhe dizem "não, isso tu não podes fazer por que não podes, por que não deves...", eis que o nosso jovem, o menino, ou, será melhor chamá-lo de criança?, eis que ele, diziamos, desata a apunhalar ou aos tiros, a torto e a direito, matando quem se lhe opuser. E, depois vem a Justiça, ouve os advogados de defesa que apoucam o sucedido e, se calhar, ainda acabam por preconizar uma qualquer tentativa de reinserção social, como se alguém que, tão imberbe ainda na vida, já demonstra ter tão maus fígados, possa algures voltar a pisar o caminho do bem, do trabalho, da conquista pelo mérito e pelo esforço do tão almejado respeito por parte de todos os outros.

Estamos a criar alguns monstros que vieram das nossas entranhas. É bom que tenhamos consciência disso e comecemos a arrepiar caminho enquanto é tempo. A Educação tem um grave problema para resolver na geração que está a chegar à vida por estes dias: é ministrá-la em casa, tem que vir dos Pais e dos Avós. É aqui que tudo começa; ou não!...