26 abril, 2021

India a sucumbir

 A India, esse quase continente, país imenso com a segunda maior população mundial, debate-se por estes dias com a mais severa situação sanitária desde que existe, enquanto Pátria de Ghandi.

Mil e trezentos milhões de habitantes são uma imensa massa viva, na sua grande e esmagadora maioria, árida de cultura, despojada do essencial, como a casa, o pão, a educação...

Acresce a tudo isto um processo, não menos penoso como seja o da enculturação religiosa eivada de muitos e diversos ramos de uma mesma árvore, que floresce numa multilateralidade de credos e crenças que dispersam toda aquela massa humana.

A pobreza quase generalizada vive paredes meias com uma pequema faixa de bem postos na vida, que dominam e ditam as regras do quotidiano.

No meio deste caos de seres humanos numa Sociedade pouco organizada, sobra muito pouco para que se evite que aconteça o desastre, a hecatombe, a tragédia que consome todo um povo, toda uma Nação.

Segundo a OMS, as próximas 4 semanas serão, a julgar pela actualidade, uma infindável soma de novos casos de infecção e mortes. Que o mundo possa congregar esforços no sentido de ajudar estes desventurados Indianos...

Espaço e distanciamento

Vacinaram-se Professores. Ainda bem, pois sem dúvida, também eles estão na linha da frente, quando se imagina uma sala de aulas com área escassa, para os cerca de 30 seres humanos no seu interior.

Ainda assim, uma sala de aulas é um verdadeiro ajuntamento, um aglomerado de pessoas, é como ir a um shopping de outros tempos e por lá passar uma tardada a matar o tempo, passeando à direita e à esquerda. Falta espaço físico, faltam áreas mais amplas para que a Escola com aulas presenciais possa decorrer numa aparente maior segurança. 

Não chega ter os Professores vacinados! É preciso partir as turmas, passá-las para metade dos alunos em sala, é preciso (já que as salas não chegam) passar o Ensino para uma dinâmica mista, isto é, uma dada turma ter aulas presenciais dia sim, dia não, combinando o ensino presencial com o ensino online. Só quando atingirmos este estádio evolutivo, estaremos, enfim, melhor preparados para enfrentar o que ainda temos pela frente.

E, já agora, pois vem mais do que a propósito: Que bizarria é essa de se terem vacinado todos os Professores e afins ligados ao Ensino de todos os níveis, ignorando todos os Professores e outros profissionais ligados ao Ensino Superior? Mas, que raio de cabeças iluminadas é que preconizam uma tal disparidade de medidas? Então os Professores, verdadeiramente Professores, não são todos iguais?

"E o burro sou eu?..."

Por cá, vive-se como tem sido permitido, tendo em conta que nos encontramos em estado de emergência, ou seja, todos os cidadãos têm a especial obrigação de ficar em casa.

Quem tem que trabalhar, quem precisa de cuidados médicos, quem presta auxílio a outros mais necessitados, quem precisa, em suma, de se ausentar de casa tendo uma justificação plausível e inadiável, pois que saia, que vá à sua vida, não esquecendo, jamais, todos os cuidados sanitários que a situação nos impõe.

Ricardo Pereira, Rita Pereira, Cristina Ferreira e outros tantos ...eira´s cá da nossa praça, a despeito de estarmos em estado de emergência e, devermos, portanto, estar em casa, foram para o Dubai, foram para as Seichelles, foram para ilhas paradisíacas e auto-fotografaram-se em trajes de veraneio postando de seguida, as suas fronhas nas redes sociais para mostrarem ao mundo o quão felizes estavam da vida, insultando entre aspas, todos os que estão no desemprego, todos os que estão em regime de "lay-off", todos os que estão à mingua de pão na mesa...

Os Portugueses, na sua maioria em confinamento até há bem pouco tempo atrás, perguntam-se se estes acéfalos, afinal, são mais verdadeiros que todos os outros, são mais gente que nós, já que nada se soube quanto a coimas pesadas imputadas aquando dos respectivos regressos à Lusa Pátria. Eles podem tudo! Eles viajaram, eles furaram o confinamento, eles marimbaram-se para tudo o que são regras da DGS, eles torpedearam a Lei... E, ninguém, que se saiba, chamou estes "vazios" à capa. Realmente, o mundo, a vida e as pessoas, está tudo reduzido a uma dicotomia que nos varre de lés a lés: os que tudo podem, e os que, pura e simplesmente, não podem!