11 novembro, 2015

Haja decência!

Sendo um animal político, já que ninguém consegue ficar absolutamente imune ao mundo que nos rodeia, declaro-me orgulhosamente isento de pressões partidárias, de disciplinas internas, de subserviências mesquinhas, venham elas de onde vierem. Não devo a cabeça a ninguém, não espero favores de circunstância de quem quer que seja, logo, sinto-me plenamente à vontade para os criticar de uma ponta à outra, quando não me revejo em tomadas de posição que prevejo me vão prejudicar ou, ao meu semelhante, ali ao lado.

Soube-se há dias que na frota de carros do Estado, há extras que lhes foram apostos depois da sua aquisição, que ultrapassam em valôr, o valôr do próprio carro. Santa paciência! Quem assim procedeu, quem assinou autorização para que comportamentos destes pudessem ter ocorrido, deveria ser chamado à responsabilidade, deveria ter um auto de averiguações às costas e, caso se provasse sem nenhuma sombra de dúvida, a verdade de tal desmando, de tal indignidade, de tal oportunismo, haveria de ser enviado para o Ministério Público para investigação e total apuramento de factos, com posterior consequência criminal. É que delapidar dinheiros públicos, em época de crise e austeridade, de forma tão vil e soez, não abona nada a favor de quem praticou tais actos.

Palavra dada, palavra honrada!

E, eis que o Governo caiu às mãos de uma moção de censura levada a cabo pelos Partidos de toda a Esquerda Portuguesa. 

Há um cinzentismo obscuro que paira no ar e que gera um certo temor quanto ao futuro imediato, quanto ao dia de amanhã. É que não se pense que o namoro ora iniciado pelo PS ao PCP e aos Bloquistas, possa estar sempre neste inefável estado de graça em que se encontram. Adivinham-se diferendos maiores e a gestão de situações complicadas, já que a raíz, o cerne daquilo que sempre os separou é incomensurávelmente maior, do que aquilo a que agora se agarram para demonstrar uma suposta união.

O Tempo, esse barómetro inexorável da Natureza, encarregar-se-á de trazer a lume lá mais para a frente, aquilo que, entre eles, é absolutamente insanável. Infelizmente, e para nossa desgraça!...