26 janeiro, 2021

Aulas presenciais vs à distância

... "Alguns alunos não têm as condições para estudar em casa: “Não é só não terem computador, ou Internet, é não terem um espaço sozinhos em casa, terem um contexto barulhento, violento por vezes, não terem quem os acompanhe, quem os tire da cama para ligarem o computador, não terem a quem recorrer para pôr dúvidas”. Para João Costa, é preciso ver a escola “não apenas como espaço de aprendizagem, mas como espaço de protecção social”, onde “situações de abuso são muitas vezes identificadas pela atitude do aluno, um olhar triste”. “À distância, por ‘Zooms’ e ‘Teams’ isto não se vê, não se detecta”, alertou."

O acima, é um excerto de uma declaração de João Costa, Secretário de Estado adjunto e da Educação, numa conversa com a ex-candidata presidencial Ana Gomes, a propósito das aulas presenciais, ou em regime de à distância. 

A vantagem de ter aulas presenciais por contraponto com o ensino à distância, é uma realidade que não se discute. O problema é quando o amontoado de razões sobre "as vantagens" do ensino presencial, se subsola em argumentos, no mínimo, passíveis de serem discutidos:

"Não ter computador ou Internet; Não ter um espaço sozinho em casa; Não ter um ambiente silencioso e calminho; Não ter paz no ambiente familiar; Não ter quem os acompanhe; Não ter quem os tire da cama; Não ter a quem recorrer para tirar dúvidas. Ó meu caro senhor, acorde! A realidade é tão diferente disto que apregoa! Desengane-se, o mundo não é assim. O mundo sempre teve, tem e há-de continuar a ter crianças com más condições em casa, com má alimentação ou mesmo, falta dela, o mundo tem crianças, cujos Pais jamais souberam dialogar, falar com eles, acompanhá-los... O mundo sempre teve e continuará a ter crianças, que não têm uma secretária para trabalhar, um computador, quem os levante da cama, quem lhes ligue o computador, quem lhes dê a explicação do que não entendem O mundo sempre teve e terá, crianças a quem falta o pão que enche a barriga, o conselho amigo e ternurento da Mãe ou do Pai. O mundo sempre teve e terá crianças que vêm abusos, violências desmedidas, que suportam álcool enlouquecido e gritador, que enfrentam a toda a hora a mão que se ergue e lhes bate no corpo. O mundo sempre terá crianças desprotegidas, fragilizadas, tristonhas, maltratadas, famintas... E isto meu caro, não será por ter aulas presenciais que todos estes problemas desaparecerão da nossa Sociedade e da  vida de tantas crianças.

Querer atribuír à Escola toda uma panóplia de supostas protecções e deveres que devem pertencer exclusivamente, aos Pais, à Família, ou, na falta desta, ao Sector Social da Sociedade é não fazer a mínima ideia do que é a Escola. Querer-se que a  Escola se substitua a todos aqueles que, em primeira instância, deveriam ter mais responsabilidades e ser, também, mais responsabilizados, parece-nos uma enormidade e um nítido falsear das realidades da vida.

Também andei na Escola e, nesse tempo, sempre houve meninos com mais e meninos com menos.

Uma geração após a minha, a minha descendência encontrou uma Escola em tudo igual à anterior: uns com mais, outros com menos.

Na actualidade, quer-se tudo para as crianças. "Dá-se tudo" às crianças. Permite-se tudo às crianças. Nada contra, desde que se não desresponsabilizem aqueles que deveriam ter responsabilidades, isto é, quem os gerou, os seus Progenitores, os seus Pais. Senão fôr assim, então estamos a criar gerações de inaptos, de incapazes, de acéfalos, de criminosos, de gente que não sabe pensar pela sua própria cabeça, e que, portanto, não terá um amanhã risonho.



Pior do Mundo

Mais 291 falecimentos nas últimas 24 horas e mais 10.765 novos casos de infectados... No número de mortes trata-se de mais um recorde. Temos vindo a pulverizá-los todos os dias.

Numa lista internacional elaborada pela Our World in Data da Universidade de Oxford, o nosso País atingiu o tristérrimo pico em todas as categorias que à desgraça respeitam:

- Maior número de Óbitos

- Maior número de Infectados

- Maior taxa de infecção

Todos os valores acima, tendo em consideração, um milhão de habitantes.

Desde o começo, Março 2020, já desapareceram mais de 11.000 Portugueses.

Eram vidas, eram risos e sorrisos, eram olhares que se perdiam nos nossos, eram corações que batiam, eram emoções que viviam, eram alegrias que se partilhavam, eram tristezas que se dividiam, eram pessoas, eram gente, eram Portugueses que deixaram outros Portugueses mergulhados na dor, na angústia da perda, na saúdade dum adeus, eram, nalguns casos, os esteios, os pilares, os alicerces que se foram e não voltam mais. Nem que fosse só um: já era uma tragédia. O número arrepiante que se nos apresenta hoje, é uma verdadeira hecatombe, uma desgraça que perdurará nas nossas cabeças para o resto dos nossos dias.



Elegância de um gesto

Quando as atitudes são boas, nunca pecam por delas falarmos com manifesta alegria e das mesmas dar conhecimento, uns aos outros.

No após eleições e já com os resultados devidamente clarificados, vieram para os palcos de todas as televisões, todos aqueles que se candidataram.

Falou Marisa Matias/Catarina Martins, falou Rui Rio, falou Ana Gomes, falou o homem da gritadura e, mais uma data de implicados.Nesse entretanto, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, deambulava em carro próprio, dando voltas e mais voltas à Faculadde de Direito, da Universidade de Lisboa. Escutando, via rádio, certamente, todos os discursos dos seus antagonistas, não quis antecipar a sua chegada ao púlpito onde faria o seu discurso, de forma a dar espaço a todos os seus adversários.

Quem sabe ser elegante, quem "sabe ser" de raíz, jamais atropela os outros. Não! Concede espaço a todos os outros, partilha, promove a união, constroi pontes que alicercem o futuro.