Voltar, sempre!
Saí de casa e fiz-me à estrada:
Para trás, ficaram o lar e o passarinho,
Fui devagar, com cuidado, de mansinho,
Saboreando cada detalhe do caminho,
Sentindo o aroma das flores, do rosmaninho,
Levando nos olhos a Senhora alada,
E na alma, o cântico, a oração entoada.
O asfalto negro, cozido a branco na margem,
Parecia não mais ter fim, não mais acabar.
Metro após metro, percorrido sem parar,
Na capelinha foi desaguar.
E ali ficamos, aturdidos, a orar.
Arrepiou-se-nos a pele, diante da Imagem
Ela, que é a razão da nossa romagem.
"Avé Maria, cheia de graça, bendita sois Vós..."
Mãe do Céu, estamos no teu local sagrado.
Pede ao teu bendito filho por nós,
Para que o nosso dia seja abençoado.
Saí de casa e fiz-me ao caminho,
Com a alma cheia e um sorriso no rosto,
Levando comigo a esperança toda;
Embuí-me da minha melhor disposição,
Despi a veste do rosto fechado.
Inebriado, enchi de ar puro meu coração,
E sorri, sorri p'ra gente que não conhecia..., ali ao meu lado.
Saí de casa e fiz-me ao caminho...
E, ali estive, em silêncio, em recolhimento,
Imaginando a Imagem a pairar no firmamento.
Quando chegou a hora do regresso, do adeus,
Olhei-Te com veneração, com candura,
Humedeceram-se os olhos meus,
E a lágrima salgada, afinal..., era d'água pura.
Carlos Menezes
Sem comentários:
Enviar um comentário
Vá lá, escrevinhe à vontade!