"Corpo chupado e pontiagudo..."
São frias as suas mãos,
são gelados os seus olhos,
é crispado o seu sorriso,
feito num esgar.
É almiscarada a sua pele,
é vaga e longínqua, a expressão do olhar.
Grande alvoroço nos cabelos.
Num rosto de traços vincados,
sobressai um nariz pontiagudo,
que aponta o infinito da paisagem.
Que é árida, desnuda, desértica.
Uma utopia de ventos, na aragem.
Há naqueles olhos vários tons,
de vermelho sangue a azul céu,
como que percorrendo um caminho sem fim.
E, no entanto, em vez dum sorriso,
há pranto, e lágrimas na face...,
Que escorrem doidamente..., sem siso.
É que, onde se não come,
há tanta fartura..., de fome!
À mingua..., sobram na boca,
gotas de nada..., na língua.
No olhar baço,
há palmeiras açoitadas na brisa,
que se entrelaçam num abraço.
E chovem,
de dia, chuvadas,
e caem à noite..., orvalhadas.
Enxuga pérolas de água,
tão choradas...,
são gritos de mágoa,
Limpa o rosto,
daquela água salobra,
suada... e sem gosto...
Tem um olhar,
faminto e sózinho...,
Está entre nós a gritar.
Arfa as narinas, bebe do ar, come tuas sinas...
E por mais que o queiras,
esquece..., "tuas" eiras sem beiras!!!
São frias as suas mãos,
são gelados os seus olhos,
é crispado o seu sorriso,
feito num esgar.
É almiscarada a sua pele,
é vaga e longínqua, a expressão do olhar.
Grande alvoroço nos cabelos.
Num rosto de traços vincados,
sobressai um nariz pontiagudo,
que aponta o infinito da paisagem.
Que é árida, desnuda, desértica.
Uma utopia de ventos, na aragem.
Há naqueles olhos vários tons,
de vermelho sangue a azul céu,
como que percorrendo um caminho sem fim.
E, no entanto, em vez dum sorriso,
há pranto, e lágrimas na face...,
Que escorrem doidamente..., sem siso.
É que, onde se não come,
há tanta fartura..., de fome!
À mingua..., sobram na boca,
gotas de nada..., na língua.
No olhar baço,
há palmeiras açoitadas na brisa,
que se entrelaçam num abraço.
E chovem,
de dia, chuvadas,
e caem à noite..., orvalhadas.
Enxuga pérolas de água,
tão choradas...,
são gritos de mágoa,
Limpa o rosto,
daquela água salobra,
suada... e sem gosto...
Tem um olhar,
faminto e sózinho...,
Está entre nós a gritar.
Arfa as narinas, bebe do ar, come tuas sinas...
E por mais que o queiras,
esquece..., "tuas" eiras sem beiras!!!
Carlos Menezes
Carlos,
ResponderEliminarMuitos parabéns pelo blogue:-)
Gostei e apreciei profundamente o poema "Corpo Chupado...!".
Fui apanhado pela estória do "Tomara que caia" no SPNI e achei por bem contrapor esta cena "nua e crua" de tantos de "nós" sem férias e sem bons nacos de prosa.
Tomara que caiam tantas ingenuidades que ajudam a disfarçar tanta miséria humana, que sabemos existir, mesmo nas nossas costas.
Bem haja!
zeka
Caro Zeka,
ResponderEliminarMuito obrigado pela visita e pelo favor das suas palavras. Como diz, e bem!dá que pensar tantos de "nós" sem férias, sem prosa e, se mo permite, sem tempo para a ingenuidade... resta "curtir" a miséria com dignidade, se é que tal é possivel!
O meu abraço.
Carlos Menezes.