01 julho, 2011

Fazer a mesma vida gastando metade - Opiniao - Sol

Fazer a mesma vida gastando metade - Opiniao - Sol
Já vi muitas coisas na vida, mas esta de "encomendar à classe média portuguesa" a liquidação da dívida fez-me cócegas no encéfalo. E a receita para a poupança é um mimo, uma ode à inteligência de um qualquer néscio: aquela de sugerir que em vez de um Mercedes de topo, se compre o modelo abaixo, em vez de um Audi A6, porque não um Audi A4, em vez de um BMW 635, um BMW 320. E, ainda, em vez de águas de Vichy, porque não do Luso, do Vimeiro ou da Serra da Estrela? Numa festa, a sugestão pia, bem intencionada, católica ou ortodoxa, tanto faz, de se brindar com um Espumante de Cabriz, ou da Raposeira, em vez de um Moet & Chandon, ou um Cristal da Krug. Um chorrilho de exemplos, mas maus exemplos, daqueles carregadinhos de asneira. É que, a tal classe média, a que compra Mercedes, Audis e BM's, a que bebe água de Vichy, festeja com Cristal nada tem de classe média. Essa já não existe, está moribunda, com uma mão atrás e outra à frente. Já não paga a prestação da casa, já não come como precisava, já pouco festeja e o fim do mês está cada vez mais difícil de atingir. Isto, se o desemprego já não lhe entrou portas adentro, pois aí, já nem falamos de classes, é a pobreza nua e crua com todas as funestas consequências que lhe estão agregadas.

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