14 junho, 2011

Passadeiras e peões

Aconteceu mais uma vez. Sem nexo, sem explicação, de forma inesperada, descuidada, estúpida, diria até, de forma que parece propositada. A situação conta-se numa penada.

Um casal de peões segue num passeio de via pública. Dentro de um automóvel, na situação de passageiro, seguimos no mesmo sentido do casal. À frente, cerca de 10 metros, vê-se uma passadeira. O movimento e a direcção dos peões faz pressupor que vão continuar a sua jornada no passeio em que seguem. Mentira! Inopinadamente, de forma (volto a repetir) parecendo premeditada, propositada, guinam à esquerda e entram de forma abrupta na passadeira para peões. Segue-se a travagem de emergência que se consegue "in extremis" e o sorriso, eu diria,  de escárnio, zombeteiro, algo superior, tendo estampado nos olhos feios aquela mensagem que significa mais ou menos: "estás a ver cabrão, como te obriguei a travar!?"

Pobres coitados, destes seres que fazem do seu dia-a-dia esta guerrilha constante em que vivem a merda das suas vidas. Pena é que, por falta de civismo, de educação, por desconhecimento das mais elementares regras de fruição e utilização da via pública, um dia destes alguém vá machucar um destes anormais e depois lá vem a lamuria do costume: "coitadinhos, foram apanhados na passadeira". A passadeira não é um muro, não é uma parede protectora, não é uma armadura de aço; é tão somente uma fronteira frágil, muito ténue entre a vida e a morte. Não desafiemos demais a sorte...

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