DE CÁ PARA LÁ
Fui pela rua acima de cabeça baixa,
Encontrei gente que me não liga.
Cruzei-me com tantos a quem não ligo
e, vi-me desorientado, fora da caixa.
Vi gente bonita, outra feia, e com mau ar.
Ciciei desabafos agrestes, que não lamento.
P'ra cá e p'ra lá, só gente em movimento.
Quer seja na Baixa, no rio, ou à beira mar.
Por entre toda esta multidão,
Que serpenteia pelas ruas da cidade,
Ainda há quem peça um naco de pão,
Ainda há quem viva da caridade.
Páro-me no hoje, no agora, no já,
Olho p'ra todo o lado, de alto a baixo.
Prescruto por aqui, por ali, por lá,
Afinal, quem sou, onde me encaixo?
Viro e reviro os olhos na distância,
Procuro um "não sei quê" lá na frente.
olho o passado, desde a infância
e, conclúo: só me interessa o presente!
Mentira! versos e mais versos sem sentido,
Letra após letra, sem profundidade.
Na folha branca, a custo, rabisco: saúdade.
E guardo as memórias, do tempo já ido.
Carlos Menezes