09 agosto, 2011

Braga, ali ao virar da esquina

Uma rua bem movimentada no centro da cidade. Talvez a mais movimentada... Não, não é a mais movimentada pois, naquela cidade, a meio da tarde de um Domingo, todas as ruas o são. A cidade pulsa de vida, de alegria, de sorrisos e de cor.Vários são os espelhos de água no centro da urbe e que bonitos são. As crianças brincam em zonas largas e vedadas ao trânsito, dando o merecido repouso mental aos pais que os vigiam sem aquele temor, habitual nas grandes cidades. A cidade está cheia de canteiros floridos, de espaços ajardinados que lhe conferem uma inusitada beleza. E, no entanto, é também uma cidade grande!

Na confluência da rua mais comercial com uma perpendicular que a 'corta', um músico. Um Homem meio ajoelhado, meio acocorado toca uma melodia numa flauta, daquelas que os meninos levam para a escola para a aula de expressão musical. E, toca bem. Toca no que julgo ser, um silêncio aterrador e difícil de suportar por ele mesmo. O silêncio da indiferença. O silêncio do bulício em volta sem que alguém o veja. O silêncio de todos aqueles que, não obstante ele lá esteja,  é como se não estivesse. Nem o vêm, nem o sentem e, muito menos, o escutam. E, vale a pena escutá-lo, vale a pena conceder-lhe nem que sejam somente, 30 segundos de atenção.

Paro-lhe na frente e deixo a minha moeda de 'agradecimento' por ele estar ali. Sustem a melodia na flauta, endireita levemente os ombros caídos e olha-me fundo. Atira a flauta, desalentado para dentro do chapéu e eu, por momentos, fiquei quedo, gelado, mudo, sem nada para lhe dizer. Quando saí daquele torpor em que fiquei, balbuciei um "parabéns e boa sorte".

Os olhos silenciosos e magoados do Homem, 'falavam' de fome, de miséria, de abandono, de solidão, de esquecimento!...
A cidade é bonita, tem canteiros, espelhos de água, tem cor, está cheia de vida. Gosto muito de Braga!

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