Ana Leal, jornalista da TVI, já nos habituou, desde há muito tempo, a trabalhos de reportagem de grande nível.
A estação televisiva trouxe agora a público o último trabalho daquela profissional, versando a temática das cadeias portuguesas e da sua "população". É um trabalho de grande qualidade que demonstra à saciedade, as fragilidades do sistema prisional e a falta de condições, por sobrelotação, dos estabelecimentos que albergam a esmo, presos de grande delito como um homicida, um pedófilo ou um violador, juntamente com um preso de delito não tão gravoso, como por exemplo, alguém preso pela condução de um veículo automóvel sem a devida habilitação.
Está mal! Não deveria acontecer tal coisa, é aberrante misturar desta forma pessoas que nada têm em comum, a não ser ter quebrado o elo de ligação que deveriam ter mantido com a lei.
Fica deste trabalho, para além da mensagem de humanismo (ou da falta dele?) que tem que chegar a todos aqueles que governam os destinos deste País, uma imagem de pobreza inerente quer do foro educacional, quer do intelectual, quer até, do foro social. Estes homens parecem, logo ao primeiro olhar, os mal nascidos da vida, os filhos do álcool, os filhos da droga, os filhos da desgraça...
É imperioso, é mais forte que nós a questão que nos sobe pelo corpo e que fica ali, inerte, a boiar num olhar inquiridor: em que cela, em que compartimento, em que corredor dos muitos que a peça nos mostra, onde estão aqueles tantos outros que têm passado pelo Inquéritos Parlamentares, pelo crivo da Justiça na forma de indiciados, onde estão todos esses, que bem imaginamos, lá deveriam estar?, onde estão?!
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