Esta é a hexacentésima mensagem que aqui vos deixo, desde o início desta saga de escriba. E, por se tratar de um número redondo, redondinho, entendi enfatizar o facto. Celebrar as seis centenas de 'posts' de um blogue que, antes de o ser, é isso sim, o espaço de eleição para o desabafo, para a irrequietude que me assola, que me invade por vezes, para deixar no papel estados de espírito, para confessar aqui, sem nenhum recato, momentos de alguma incompreensão perante o mundo à minha volta, por não saber interpretar as gentes, as pessoas que enchem as ruas do nosso cérebro, deixando nas vielas do pensamento, rasto de esgares, de olhares enviesados, de atitudes antipáticas, de falta de solidariedade, de completa indiferença pela dor, pela angústia, pelo vazio de tantas vidas...
Já aqui trouxe histórias de risos, de lágrimas, de felicidade e de dor, já aqui trouxe momentos do dia e da noite, já aqui celebrei a vida, mas também chorei a morte, já aqui mencionei festas e, também já aqui trouxe dramas, já falei de mulheres espancadas e de crianças mal tratadas, já bramei contra o desperdício, já pedi atenção para "bocas cheias de fome", já gritei, já barafustei, já me dirigi a quem de direito, já fiz exposições, já apresentei reclamações..., mas, tristemente, nada mudou, nada se alterou! Os Sem-Abrigo continuam invisíveis; os desempregados que têm fome escondida dentro das quatro paredes lá continuam; a despesa do Estado não há meio de vir para metade; as lojas em falência fecham todos os dias às centenas; os jovens, por mais preparados que estejam, o futuro é sombrio; a educação, a saúde, a economia, o trabalho, a segurança social, a justiça, o direito à dignidade, tudo está muito comprometido, tudo é demasiadamente sombrio.
Faltam-me as velas para acender! Falta-me o que comemorar!
À falta de melhor, mimo-vos com um grande sorriso nesta 600ª. mensagem para quem me queira ler.