O Mundo pula e avança, como diz a canção, em suposta evolução mas que não passa da mais pura regressão... ou seja, parece que civilizacionalmente falando, deveríamos estar bem mais à frente do que, por exemplo, há cinquenta anos atrás, mas, em boa verdade, não é tão linear assim fazer uma tal afirmação.
Hoje, a noção de liberdade no sentido lato da palavra, tende a confundir-se com o "eu posso tudo, não aceito um não por resposta, estou-me borrifando para as regras e a disciplina, e para o meu semelhante também!" Ora, esta forma de ser e estar na vida tem tudo a ver com aquilo que denominamos por "libertinagem", que é a total ausência da mais elementar regra de educação e de respeito para consigo próprio e para com todos os outros, em particular.
As duas últimas gerações - gente com 40/45 anos e seus filhos de 15/20 anos - chegaram a esta vida e, na sua grande maioria, não tiveram as mais elementares regras de educação, formação cívica e ética, para só me ficar por estes três conceitos absolutamente basilares na estruturação da personalidade, da força anímica e introspectiva capaz de lançar para a vida seres mais respeitadores, mais sensíveis, mais fortes e resilientes, capazes de elaborarem uma malha humana bem mais disposta a ouvir, a aprender, a comunicar e a desenvolver as capacidades recebidas.
Os Pais e avós do ontem próximo e do hoje, tendem a permitir ao menino e à menina tudo aquilo que lhes der na gana. Mal chegam à vida já gritam com tudo e todos - Pais incluídos -, esperneiam, vociferam e ai daquele que ouse pensar que o menino merecia uma reprimenda, merecia que lhe fosse dito NÃO, agora não! Isso nem pensar, era o que faltava, ao meu menino!...
Crescem rebeldes, sem regras, sem disciplina, sem a tal reprimenda, sem o "castigo" que tantas vezes se impunha e que poderia passar pela simples privação do uso do telemóvel e computador. Na maioria dos casos, não seria necessário muito mais que isto. Mas não, deixa-se andar que isso de educar dá trabalho, tira tempo nas redes sociais, para além de que educar é função da Escola, não é verdade? Resultado, os meninos crescem nesta panaceia de que a impunidade campeia e como tal, um dia destes, estão metidos em altas trapalhadas com tiros e naifadas em ajustes de contas entre grupos rivais a que, entretanto, aderiram sem que o Pai e Mãe de tal se tenham apercebido. Crescem desordenados, desorientados, e sujeitos a caír num ápice, nas malhas do mundo negro da criminalidade.
A culpa, essa é de nós todos enquanto Sociedade que deveria ser mais actuante, mas que, infelizmente, não passa de "uma coisa do deixa andar, enquanto não me tocar". Deveríamos ser mais interventivos, os políticos, eleitos por nós, deveriam ser mais exigentes na feitura de Leis, a nossa Justiça deveria ter meios para ser mais acutilante e rápida na punição, a nossa Polícia precisava de ter mais recursos para se tornar mais interventiva e persecutória destes devaneios paternais.
Enquanto, tal não acontece, é vermo-nos a caír constante e incessantemente pela ladeira abaixo rumo ao abismo, donde se não vislumbra nem uma réstea de luz para emendar a tragédia do rumo que levamos.